TRABALHO E CAPITAL COM DIREITOS IGUAIS + UM BOM EXEMPLO IMPOSSÍVEL DE SER SEGUIDO NO ESTADO PORTUGUÊS...
Oliveira
Artigo bem actual do jornalista António da Cunha Duarte Justo, AAS
(A. G. Pires)
TRABALHO E CAPITAL COM DIREITOS IGUAIS: UM PEQUENO INDÍCIO DE DEMOCRACIA ECONÓMICA
Bonificação para os empregados da Empresa VW
Os 100.000 trabalhadores da VW da Alemanha receberão uma bonificação de 2.700 € para 2020 (1). Em 2019, tinham recebido 4.950 € (participação nos lucros).
Até hoje, o conselho de empresa da Volkswagen tem mais direitos do que qualquer outro órgão representativo dos trabalhadores. Como se pode ler no Tagesspiegel, a cogestão (2), introduzida na Volkswagen pouco depois da guerra tinha como objectivo uma "empresa industrial democraticamente controlada" na qual o trabalho e o capital deveriam ter direitos iguais.
Isto deve-se ao facto de, na década de 1930, o capital para construir a nova fábrica ter vindo da Frente Trabalhista Alemã, que tinha sido criada depois de os sindicatos livres terem sido esmagados pelos nazis. Após a guerra, para que a empresa não fosse desmantelada foi decidido que ficasse sob o controlo estatal alemão (Estado da Baixa Saxónia conjuntamente com o governo federal). O conselho de empresa da VW está autorizado a impedir a relocalização ou mesmo o encerramento da fábrica devido ao seu direito de veto, inscrito na lei VW e nos Artigos de Associação da Volkswagen AG (sistema de "prevenção cooperativa de conflitos").
Em 1960, a GmbH torna-se uma AG. 60 por cento do capital é distribuído como Volksaktien, principalmente a pequenos accionistas, com o governo federal e o estado da Baixa Saxónia a deterem cada um 20 por cento. A Lei VW entra em vigor, garantindo a influência da política mesmo na sociedade anónima. Quando, muitos anos mais tarde, a Comissão Europeia quis abolir a lei por razões regulamentares, o governo alemão da época opôs-se a essa tentativa. O governo federal há muito que vendeu as suas acções, mas os governos estaduais da Baixa Saxónia nem sequer pensam nisso: a VW é o maior empregador em todo o lado.
Todos os anos, o chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen e o membro do conselho responsável pelos recursos humanos da VW anunciam o bónus a receber pelos empregados da VW. Uma parte dos lucros da empresa é anualmente direcionada para os trabalhadores.
Esta prática deveria ser comum em todas as empresas. Uma democracia a sério começaria por praticar-se na economia, respeitando, naturalmente, a iniciativa e propriedade privadas.
António da Cunha D. Justo
Notas em «Pegadas do Tempo», https://antonio-justo.eu/?p=6400
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Exemplar?
PARTIDO ALEMÃO ADOPTA REGRAS DE CONDUTA PARA MEMBROS DO PARTIDO
Em consequência dos escândalos em torno de negócios de máscaras e actividades de lobby por parte de 3 deputados da CDU (União dos Cristãos Democratas), a direcção executiva da CDU estabeleceu regras de conduta para os seus membros.
Os titulares de cargos governamentais e representantes eleitos não são autorizados a aceitar donativos financeiros. Os candidatos também não estão autorizados a aceitar donativos para si próprios.
Para os membros da CDU, o código prevê a divulgação de todas as actividades secundárias, tais como a participação em conselhos de administração e de fiscalização.
António da Cunha D. Justo
«Pegadas do Tempo», https://antonio-justo.eu/?p=6398
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UM BOM EXEMPLO IMPOSSÍVEL DE SER SEGUIDO NO ESTADO PORTUGUÊS
Proibição de Nepotismo
No Observador li que o Parlamento francês tinha publicado uma lei que proíbe políticos de contratarem familiares para cargos públicos!
"Deputados, ministros e autarcas locais não poderão empregar familiares como colaboradores, sujeitando-se a uma pena de três anos de prisão e 45 mil euros de multa se o fizerem".
Isso seria impossível em Portugal! A nossa elite política é solidária entre si!
Uma democracia de adultos deveria, porém, mostrar que é defensável.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6404
BENTO XVI: HÁ APENAS UM PAPA
O Papa Emérito Bento XVI diz que falar de dois papas é um disparate. "O Papa é apenas um..." disse o sábio de 93 anos de idade, oito anos após a sua demissão. Ele disse ao Corriere della Sera: "Foi uma decisão difícil. Mas fi-lo conscientemente, e penso que fiz bem".