REZAR OS NOSSOS GESTOS
Oliveira
Partilho o texto da meditação de ontem, para a meditação e oração do terço, do Cardeal D. Tolentino, enviado pelo Ir. Manuel Silva.
(A. Oliveira)
Ensina-nos, Senhor, a desdobrar diante Ti, como uma oração, o pano quotidiano e silencioso dos nossos gestos.
Zaqueu inesperadamente subiu ao sicómoro e Tu, Senhor, percebeste nesse gesto a sede que no seu coração ardia.
A hemorroíssa atravessou a espessa barreira da multidão para tocar a orla do Teu manto, e com que abertura a acolheste.
O cego Bartimeu de um salto deixou para trás a sua capa, quando Tu o chamaste, confiando que poderias encher de visão nova aqueles olhos cerrados.
Uma mulher abriu diante de todos um frasco de perfume e derramou-o com amor sobre a Tua cabeça, deixando assim que o testemunho da fé em Ti até hoje se espalhasse.
Pedro aceitou, a uma palavra Tua, fazer caminho sobre as águas do lago.
A nossa vida, Senhor, está cheia de gestos assim. Gestos trémulos, imprecisos e inacabados, a meio caminho entre a confiança e o grito. Gestos confusos e aflitos, urgentes como labaredas, gastos como cinza. Mas também gestos iluminados e agradecidos, gestos que são uma espécie de música, gestos em estado de graça, que trazem colada si a transparência da luz da manhã e a branda alegria que é receber tudo de Ti como um dom.
Ensina-nos, Senhor, a orientar para Ti, em cada dia, o desenho dos nossos gestos.
Cardeal José Tolentino de Mendonça
11.10.2021