REZAR DE MÃOS VAZIAS
Oliveira
Partilho o texto da oração e meditação de ontem do Cardeal José Tolentino de Mendonça, enviado pelo Ir. Manuel Silva.
(A. Oliveira)
Ensina-nos, Senhor, a encontrar-te no silêncio, a rezar-te também com as
mãos vazias, a expor-te as perguntas nuas que nós próprios nos fazemos, a
colocar no teu coração os nós intrincados para os quais não avistamos
facilmente solução.
Ensina-nos, Senhor, a buscar-te em todas as horas: aquelas em que o sol tinge
de ouro e de leveza os espaços e aquelas atrapalhadas, onde tudo ameaça
sucumbir, porque a noite e a incerteza avizinham de nós a sua respiração de
ferro ou fazem-nos sentir o seu peso desmedido.
Ensina-nos, Senhor, a esperar por ti, seja quando essa espera brota espontânea
e tem a forma de um sorriso no íntimo da alma, seja quando a espera a nossos
olhos se faz sempre mais árida e longa, e sofremos com isso.
Ensina-nos, Senhor, a olhar para as contrariedades como uma escola onde
podemos crescer e não simplesmente como obstáculos que devem ser logo
removidos. Que saibamos fazer, sim, um caminho acolhendo o que a vida nos
dá, mesmo se é muito diferente daquilo que primeiro idealizámos.
Ensina-nos a louvar-te não só pelo perfeito ou a dar-te glória porque
contemplamos a harmonia. Que te louvemos também pelo incompleto, pelo
imperfeito e pelo frágil, pois Senhor tu és o mestre da esperança, e ajudas-nos
a compreender como tantas vezes aquilo que temos por pontos finais são afinal
ainda vírgulas ou etapas intermédias do caminho.
Cardeal José Tolentino de Mendonça