REZAR A SANTIDADE QUE NOS DIZ RESPEITO
Oliveira
Partilho, com alguns dias de atraso, o texto da meditação de 1 de Novembro, segunda feira, para a meditação e oração do terço, do Cardeal D. Tolentino, enviado pelo Ir. Manuel Silva.
(A. Oliveira)
Ensina-nos, Senhor, a reconhecer a santidade que se expressa quotidianamente em torno a nós, de forma tão anónima ou tão familiar que nem notamos.
Torna-nos atentos, Senhor, à dicção humilde da santidade que resistimos tanto a escutar. De facto, a sua voz não fende as montanhas, nem abala a normalidade, mas assemelha-se quase sempre ao desenho da brisa suave.
Ajuda-nos, Senhor, a reconhecer os traços da santidade ali onde acontece o dom; onde o serviço à vida se traduz de forma despretensiosa e concreta; onde o escapismo e a indiferença dão lugar a efetivas parábolas da relação e do cuidado.
Impele-nos, Senhor, a testemunhar a Tua santidade não num tempo idealizado e sem rasuras, mas no aqui e no agora magoados pelos obstáculos e imperfeições que Tu conheces. Não num heroísmo abstrato e distante, mas naquilo que nos é possível realizar, mesmo se nos parecer esforçado, pequeno ou inglório.
Faz-nos ver, Senhor, que a santidade se constrói como uma prática artesanal da vida, quando desmontamos os automatismos que nos tentam. Quando decidimos desacelerar e dar tempo, em vez de adiar. Quando decidimos acolher, em vez de ignorar. Quando arriscamos abraçar, em vez de fugir. Quando temos a generosidade de partilhar, em vez de atribuir a outros essa responsabilidade. Quando ousamos acompanhar, em vez de julgar.
Fortalece-nos, Senhor, em cada dia para que possamos ser na simplicidade, e apesar da nossa relutância, testemunhas credíveis da Tua santidade.
Cardeal José Tolentino de Mendonça
1.11.2021