EUTANÁSIA-ACTUALIZAÇÃO (2/3)
ARTIGOS+BISPOS PORTUGUESES+5 COISAS QUE SE PODEM FAZER
Oliveira
Partilho mais um email do Dr. António Pinheiro Torres sobre a EUTANÁSIA, o que tem sido dito, escrito e feito para que possamos estar bem informados e agir em conformidade na defesa da vida e da dignidade humana.
(A Oliveira)
Caros amigos
Retomo a série de emails iniciada no passado dia 29 de Dezembro, sobre o tema em referência, recordando que ainda estamos no tempo do parlamento e que aí e sucessivamente ainda falta o grupo de trabalho da morte assistida concluir os seus trabalhos, haver a votação na especialidade na 1ª Comissão, e depois a votação final e global em plenário da Assembleia da República (não haverá debate, é nas votações regimentais). Tudo isto é possível tenha lugar até ao fim de Janeiro. Depois então será o tempo do PR. Irei dando notícias.
Entretanto vão saindo artigos: Lutar pela vida ou para dar a morte? (Rodrigo de Freitas Rodrigues), A eutanásia e a pandemia (Fernando Maymone Martins), A urgência da eutanásia em tempo de pandemia (António Bagão Félix), Eutanásia: um alerta, a dias do Natal (João Duarte Bleck), Eutanásia: Debate com omissões (J. Filipe Monteiro), Semântica açucarada (Raquel Abecasis), Lei é moralidade (José Miguel Pinto dos Santos), e ainda o em anexo Sobre o medo e a morte (Maria José Vilaça) mais todo o repositório que se encontra no site da Comissão da Cultura da Diocese de Aveiro.
E, felizmente, entrevistas e intervenções públicas como estas: “O nosso enorme receio é estarmos a empurrar pessoas para a eutanásia” (José Diogo Martins na RR), a mensagem do senhor D. Duarte de Bragança no passado dia 1-dez, e esta de hoje: Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz defende o recurso ao Tribunal Constitucional (na Ecclesia).
Também os Bispos portugueses tem continuado a ter este assunto muito presente: ou com declarações expressas (como nesta entrevista do presidente da CEP [chamo também a atenção para a parte sobre os partidos terem de se renovar]), ou nas suas homílias (as do meu Bispo [sou de Lisboa] estão aqui) ou em constantes apelos como este: Covid-19: Bispos denunciam «escândalo» da solidão e abandono dos idosos (na Ecclesia) e com a Nota Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal.
Neste momento que se pode fazer? 1) Subscrever esta petição Não à eutanásia em nenhuma circunstância; 2) participar online no encontro DNA com Ricardo Baptista Leite (7-jan, 21h30); 3) tomar posição pública, escrever artigos e para os correios de leitores dos jornais; 4) usar nas redes sociais os materiais (textos, imagens, vídeos) disponíveis no Facebook da Caminhada pela Vida e no site da campanha Afirmar Dignidade (uma campanha da ADF-International com a Federação Portuguesa pela Vida) e 5) participar na iniciativa nascida no grupo WhatsApp Todos contra a Eutanásia e que consiste em entrar em diálogo com os deputados através das respectivas redes sociais. Quem quiser participar neste grupo e/ou colaborar, diga-me.
Caros amigos: se bem se lembram este debate nasce em Janeiro de 2016 com o manifesto pela morte assistida. Já lá vão cinco anos e apesar de sempre em maioria no parlamento, os proponentes da lei ainda não a conseguiram fazer passar. Alguma coisa isto deve querer dizer…
Um abraço contando com todos do
Antonio Pinheiro Torres
ANEXO:
Sobre o medo e a morte
Maria J Vilaça
5 de novembro de 2020
Um dos principais problemas que nos tem vindo a consumir e a criar ansiedade é o medo. Muito concretamente agora por causa do COVID. É impossível não sofrer os efeitos de sermos continuamente inundados com notícias alarmantes sobre os números crescentes de infetados e mortos, o estado de pré rutura em que estão os serviços de saúde e a clara constatação de que ninguém sabe muito bem o que fazer, Rapidamente nos deixamos também “infetar” pelo medo e por uma inquietação permanente.
Nestes meses também se tem falado muito sobre a Eutanásia. O pedido para se fazer um referendo sobre este tema foi rejeitado e agora segue-se uma fase em que um projeto lei será aprovado e a Eutanásia passará a ser legal em Portugal.
Parece um paradoxo. Por um lado, o medo de morrer, o medo bem visível porque cada vez que morre alguém, é com a nossa morte que nos temos e confrontar. Por outro lado, este desejo de tornar a morte “legal”.
Na verdade, trata-se de uma pretensão que o homem tem de controlar a vida e a morte. Em última análise, a possibilidade de decidir quando queremos morrer, dá-nos a falsa sensação de que é algo que podemos controlar. E se fosse verdade, o medo deixaria de ter lugar.
Mas não é isso que acontece. A morte e o sofrimento fazem parte da vida e só há uma forma de abraçar esta verdade sem medo. É dando um sentido à nossa vida. O sentido encontra-se na dedicação e no amor colocado em cada momento e em cada tarefa que nos é dada. Pode ser simplesmente o mais humilde dos homens que desempenha a sua tarefa na vida como uma missão ou uma vocação. É o dar-se por inteiro que traz a realização plena da pessoa. O estar aberto aos outros em vez de se defender como se o mundo fosse uma ameaça. É o cuidar com compaixão de quem sofre em vez de esconder a morte.
É por isto que vamos ao psicólogo. Para agarrar aquela mão que nos dá a segurança suficiente para podermos fazer o caminho de auto transcendência que nos leva a encontrar um sentido para a vida.
E quando há um sentido, quando sei o meu destino, o sofrimento torna-se uma possibilidade e a morte uma passagem.