Estar vigilante - estar com Deus
Oliveira
32.º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A
Domingo, 8 de Novembro de 2020
Irmãs e irmãos, a luz pública ilumina as ruas da cidade e das casas. Por vezes, só lhe damos valor quando ela falta. Talvez esta referência nos ajude a compreender as leituras de hoje: a vigilância.
Estar vigilante é luz de sabedoria
Primeira leitura
A primeira leitura é do livro Sabedoria. O seu autor, talvez um judeu sábio de Alexandria, ou talvez Salomão, deixou-nos esta obra de grande valor. A leitura de hoje orienta-nos a viver segundo Deus, e para isso, devemos estar vigilantes. Diz assim o início da página: “A sabedoria é luminosa… quem a busca desde a aurora não se fatigará. Ou seja: A Sabedoria (luminosa) é luz que nos leva a Deus. “A minha alma tem sede de Vós, meu Deus”, rezamos no salmo.
Olhando para a história cristã, encontramos testemunhos de sabedoria e vigilância. Um exemplo: Francisco Xavier sonhava com a carreira das letras, e ambicionava a glória, o brilho na vida. E na busca de grandeza, dirigiu-se a Paris. Ali encontrou-se com um homem experiente, Inácio de Loyola, que lhe fez esta pergunta: “E depois?”. Francisco meditou, e veio a ser São Francisco Xavier, grande missionário em Goa, na Índia, onde se encontra o seu jazigo muito visitado. Francisco viveu vigilante, com a sabedoria de Deus.
Estar vigilante para a vida eterna
Segunda leitura
São Paulo encontrou nos cristãos de Tessalónica alguma confusão acerca da vida e da morte. E diz a essa comunidade: “Se acreditamos que Jesus ressuscitou, do mesmo modo Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido”. Paulo esclareceu a comunidade sobre o sentido da vida: a nossa ressurreição.
A propósito da vida e da morte, recordo uma catequese do Papa Francisco, no dia 18 de outubro, quarta-feira (2017). O Papa falou sobre o sentido da morte e da vida. Cito uma passagem muito bela: “Quando morremos, Jesus nos tomará pela mão, como tomou pela mão a filha de Jairo, (que tinha morrido e Jesus ressuscitou-a), e repetirá mais uma vez: “Talithà Kum”, “menina, levanta-te” (Mc 5,41).).… Cada um de nós pense na própria morte e imagine aquele momento… quando Jesus nos tomará pela mão e nos dirá: “vem, vem comigo, levanta-te. O próprio Jesus virá a cada um de nós e nos pegará pela mão, com a sua ternura, a sua mansidão, o seu amor ”.[1] Esta palavra do Papa é consoladora. Ressuscitados com Cristo.
Estar vigilante para estar com Deus
Evangelho
Para estarmos com as lâmpadas acesas, Jesus conta-nos a parábola: as dez virgens, que aguardam a chegada do esposo, para o acompanharem e entrarem na boda. Jesus mostra-nos que para entrar no seu banquete, é urgente vigiar, ter as lâmpadas acesas. O esposo é o próprio Jesus. Lemos no Apocalipse: “Eu estou à porta e bato… a quem me abrir, Eu entrarei e cearei com ele e Ele comigo”(Ap 3,20 ). Isso enche-nos de alegria e serenidade.
Um caso de vida: “Certa vez, estava o jovem São Domingos Sávio no recreio da escola brincando com os seus amigos. Chegou alguém que lhe perguntou o que ele faria se soubesse que iria morrer daí a instantes. Domingos respondeu: “Eu continuaria a fazer o que estou a fazer agora: brincando com meus amigos”.[2]
Santo Agostinho sentia assim: “Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se (Tu) não estivesses em mim…”[3]. Agostinho viveu muitos anos às escuras, sem vigilância. Depois sentiu a presença de Deus na vida, e não mais se afastou d’Ele. Assim mantenhamos acesa a chama da fé.
Pe. António Gonçalves SDB
[1] https://www.youtube.com/watch?v=oG0j0LWsC2Y
[2] https://www.a12.com/redacaoa12/historias-de-vida/s-joao-bosco-e-domingos-savio
[3] Santo Agostinho, Confissões, 1ª parte cap. II
Corrijo: Na homilia de Todos os Santos, 01.11.2020, a frase: “Ou muda de atitude ou de nome” é atribuída a Alexandre, o Grande.