Escutar Deus na obediência aos seus planos
Oliveira
Proposta de Homilia para o 2.º Domingo da Quaresma – ANO B
Irmãos, saberemos nós escutar Deus? Prestamos atenção à sua Palavra? Dizia um professor de Teologia: “Deus está a tentar falar connosco”.
- Escutar Deus como Abraão
Primeira leitura
Cada um de nós se admira como Deus chamou Abraão para lhe sacrificar o filho Isaac. Mas lendo bem a narrativa, compreendemos o agir de Deus, sempre amigo da humanidade. Recordemos brevemente o texto: “Deus quis pôr à prova Abraão, dizendo-lhe: Toma o teu filho, o teu filho único, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto”. Mas compreendemos que a intenção de Deus não era o sacrifício de Isaac, mas sim experimentar a fé de Abraão, pedir-lhe um sinal da sua fé.
O Patriarca Abraão estaria disposto a esse acto de imenso sofrimento: sacrificar o filho. Então, Deus interveio e disse-lhe: “Não levantes a mão contra o menino”.
O que sobressai nesta narrativa? A imensa fé de Abraão. Em obediência a Deus, ele estaria disposto ao maior sacrifício da sua vida: sacrificar o filho Isaac.
Abraão aparece na História do Povo de Deus como o maior exemplo da fé, que ele manifestou na sua obediência a Deus.
Ele aceita os planos de Deus, sem discutir. Deus recompensou-o dizendo, através de um anjo: ”porque não me recusaste o teu filho, o teu filho único, eu te cumularei de bênçãos, eu te darei uma posteridade tão numerosa quanto as estrelas do Céu… Por tua posteridade serão abençoadas todas as nações da terra, porque tu me obedeceste” (Gen 22, 18).
Abraão foi um homem de fé, que viveu numa escuta de Deus, e lhe respondeu com obediência total. E o resultado foi sempre o maior bem. Oxalá o nosso mundo, algumas vezes agnóstico, desperte para o maior dom que é a Fé. A fé dá luz a nossa vida; “embora não ilumine tudo, é luz suficiente para caminhar”.[1]
- Escutar Deus que nos ama com amor eterno
Segunda leitura
“A segunda leitura lembra aos crentes que Deus os ama com um amor imenso e eterno. A melhor prova desse amor é Jesus Cristo, o Filho amado de Deus que morreu para ensinar ao homem o caminho da vida verdadeira. Sendo assim, o cristão nada tem a temer e deve enfrentar a vida com serenidade e esperança” (Dehonianos).
É bom pensarmos nisto. Diz São Paulo, na Carta aos Romanos: ”Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? “Uma interrogação que é uma afirmação: Deus está com todos os que têm fé. E concluiu São Paulo: “Quem nos separará do amor de Cristo e do Pai? Ele é um Deus fiel”. Irmãos, tenhamos fé em Jesus, que nos ama.
- Escutar o Filho de Deus
Evangelho
Irmãos, o evangelho da Transfiguração de Jesus é um encanto para a nossa fé. Deus faz-nos uma grande abertura para a Quaresma: Levou consigo Pedro, Tiago e João, a um alto monte, talvez o monte Tabor, mostrou-se resplandecente de luz, os apóstolos ficaram extasiados, e já não queriam sair dali. Ouviu-se, então, do Céu uma voz: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-o”. Jesus mostrou sinais da sua divindade e fortaleceu os apóstolos para o momento da provação.
Jesus transfigurado! Poderá a Igreja manifestar-se também transfigurada? Ela está chamada a ser luz, e a fortalecer os irmãos. Não com esplendor como Jesus na transfiguração, mas no brilho da sua fé, do seu amor pelos irmãos, da sua entrega por ele. E ao dizer Igreja, dizemos cada um de nós. E assim a Igreja será exemplo de fé para o mundo que precisa de sinais de Deus e de coragem no sacrifício da vida.
P. António G. (SDB)
[1] Cf. Papa francisco, Luz da Fé, p. 73