Deus aponta ao homem o caminho da salvação
Oliveira
Proposta de Homilia para o 5.º Domingo da Quaresma – ANO B
Irmãos, vemos em toda a nossa história divina Deus com desejo de nos salvar? Julgo que as leituras deste domingo nos mostram esse desejo.
- Deus quer salvar-nos fazendo aliança
Primeira leitura
Irmãos, o profeta Jeremias ajuda-nos a pensar na Aliança de Deus connosco. O que é a aliança no caso do matrimónio? É o amor dos esposos, simbolizado na aliança de ouro que entregam um ao outro. Mas o principal não está nesse objecto de ouro; está no coração: com o amor, a compreensão, a ajuda mútua.
Ora o profeta Jeremias deu-se conta que o povo tinha esquecido a aliança feita entre Deus e Moisés. Diz o profeta em nome de Deus: “aliança que eles violaram”. O povo seguia uma vida feita de aparências, sem correspondência interior no coração. Como se um casal tivesse perdido o amor, embora usasse a aliança de ouro.
E o profeta chama o povo em nome de Deus, para uma aliança nova: “Hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no íntimo do seu coração”. Uma aliança mais interior, entre Deus e nós. Com um coração novo.
Esta aliança vai encontrar o seu momento culminante em Jesus Cristo, na sua Páscoa.
- Deus salva-nos na pessoa de Jesus
Evangelho
O Evangelho de João mostra-nos que a aliança de Deus connosco foi escrita com o sangue de Jesus derramado por nós. Foi o que Jesus disse aos apóstolos e a uns gregos que queriam vê-lo: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Se o grão de trigo lançado à terra não morre, fica só, mas se morre, dará muito fruto”.
Palavras que anunciam a morte de Jesus. Não significa derrota, mas sim triunfo, glória: Ouviu-se do Céu esta voz: “Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo!” Jesus explicou o seu triunfo na cruz: “E quando eu for elevado da terra (na cruz), atrairei todos a mim” (Jo 12, 32).
Custa-nos compreender como a morte de Jesus não é derrota e é triunfo. Mas a nossa história divina insere-se nesta Aliança nova, realizada em Jesus, que morreu e ressuscitou, para nos dar a vida, e nos permitir chamar a Deus nosso Pai, ou Papá (Gal 4, 6).
- Deus abre-nos um caminho de esperança através da cruz.
Assim como a cruz foi gloriosa para o nosso Salvador, assim é para nós. A nossa cruz fica iluminada quando nos sentimos com Jesus Cristo.
Temos um exemplo nos pastorinhos de Fátima: Francisco Marto morreu em 1919, com 11 anos; Jacinta morreu em 1920, com 10 anos. Foram declarados santos pelo Papa Francisco em 13 de maio de 2017.
No sofrimento, dizia a menina Jacinta: “Não sei como é, mas sinto que Nosso Senhor está em mim. Compreendo o que ele me diz, mas não o vejo nem ouço. Que bom é estar com Ele”.
Também Paulo se exprimiu assim: “Já não sou que vivo; é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
Com Jesus, compreendemos os sofrimentos, na cruz gloriosa, que pode ser o dia-a-dia, com amor.
P. António G. (SDB)