Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade
Oliveira
A COPAAEC agradece quanto extracta da página da Pastoral da Cultura para possibilitar aos leitores do blog que não acederam a tão excelentes textos.
(A. G. Pires)
Cardeal Tolentino e
“A atualidade de Frei Agostinho da Cruz"
Frei Agostinho da Cruz faz-nos ouvir a voz silenciosa da natureza como exalação privilegiada da música de Deus. Por isso não constituem uma distração as referências à toponímia do território. De peixes se enche a sua poesia, e o mesmo sucede com as notícias do herbário da serra onde identifica o medronho, a aroeira, a esteva, o lírio e o zimbro. Queria fixar-me nesse relato quase cinematográfico de uma refeição que surge numa das suas éclogas e que pode simbolicamente como que descrever a relação que a sua poesia estabelece com o mundo em redor e com o leitor, mantendo por um lado a aguda consciência de uma conversão necessária (que a alma «em puro fogo acesa,/Não sinta, nem consinta, outro desejo,/ Se não ficar do divino amor presa»), mas não deixando de afirmar por outro que a vocação do homem é ser cantor do real e que o seu horizonte é a festa.
Temas ecológicos: Pecado e poluição
O ser humano usou a possibilidade com que foi dotado de poder escolher sempre o bem do mundo, escolhendo nem sempre esse mesmo bem: as dentadas na maçã são de isso símbolo. É, assim, o ser humano que introduz o desequilíbrio ecológico no mundo criado. Esta consciência é, assim, já muito antiga, muito mais antiga do que o termo «ecologia», coincidente com o que esse termo designa e que é, deste modo, algo de muito, muito, antigo em termos de intuição humana do que o seu papel negativo no seio do mundo. Deste ponto de vista, o primeiro texto ecológico no sentido mais profundo da ecologia como relação do ser humano com o mundo de que faz parte, na tradição judaico-cristã, é o próprio Génesis, logo nas suas primeiríssimas páginas.
“As respigadoras”: A epopeia da humilde gente
«Como podereis compreender do título dos meus quadros, não há mulheres nuas ou sujeitos mitológicos. Quero cimentar-me com temas diferentes destes. Ao preço de passar ainda mais por socialista, é o lado humano, genuinamente humano, aquilo que na arte me toca mais. E nunca é o lado feliz aquilo que me surge, não sei onde está e nunca o vi. Aquilo que de mais alegre conheço é esta calma, este silêncio de que se usufrui tão intimamente no interior do bosque ou nos campos. Dir-me-eis que este discurso é muito de sonhador, de um sonho triste, ainda que dulcíssimo, mas é aí, a meu ver, que se encontra a verdadeira humanidade, a grande poesia.»
A imprevisibilidade
e o camaleónico ecletismo de Peter Sellers
«Não há qualquer profundidade nas suas máscaras: há, antes, uma extraordinária riqueza de comportamentos, de tiques físicos e linguísticos, uma labiríntica construção da personagem que não pressupõe minimamente uma pessoa. Quem é o Dr. Estranho Amor, de onde sai repentinamente, que infância viveu? Perguntas supérfluas: entra em cena, abre a boca e decide os destinos do mundo. Quem é Chance, o jardineiro, porque é que se reduziu assim? Quem é o inspector Clouseau, como fez carreira, porque tem um empregado japonês? Quem é Clare Quilty, como conheceu Lolita, o que o leva a travestir-se de maneira compulsiva? De novo: perguntas supérfluas. São personagens que existem nos actos que realizam, e quando entram em cena mudam o mundo à sua volta.»