Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade
Novas sugestões de leitura
Oliveira
Transcrevemos, com a devida vénia, do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura:
«Rezar não é fácil»: Francisco aponta espinhos e sugere estratégias para perseverar na oração
«Como fazer neste suceder-se de entusiasmos e desânimos? Deve aprender-se a caminhar sempre. O verdadeiro progresso da vida espiritual não consiste e multiplicar os êxtases, mas em ser-se capaz de perseverar nos tempos difíceis. Recordemos a parábola de S. Francisco sobre a perfeita alegria: não é nas riquezas infinitas que chovem do Céu que se mede a bravura de um frade, mas no caminhar com constância, mesmo quando não se é reconhecido, mesmo quando se é maltratado, mesmo quanto tudo perdeu o gosto dos inícios. Os crentes nunca extingam a oração!»
Onde está Deus? O padre, a vida e a resposta
O padre deve ter viva a consciência de que Deus está para além do pastor, do educador e do consolador: para chegar a isto, deve partilhar a vida das pessoas. Homem entre homens, deve aprender a sentir-se numa relação paritária com homens e mulheres. Paradoxalmente deve ser-lhe espontâneo sentir-se em sintonia mais com pessoas afastadas da fé ou à procura do que quem vive seguro e protegido pela religiosidade tradicional. Na comunidade deve aprender a sentir-se muito mais “irmão” do que “pai”, “mestre” ou “líder”. Deve passar do culto lateral em relação à vida à fraternidade quotidiana e à solidariedade humana, alimentada de fé e oração, com as condições de vida mais difíceis. O modelo é a vida de Jesus, que vive e mostra o amor divino mergulhado plenamente na condição humana.
Deus dos silêncios e das longas gestações
É tudo menos fácil confiar Deus definitivamente ao silêncio. Todavia, este é o ponto culminante da nossa fé em Deus, «irredutível a uma mitologia entre as outras». Porém, é uma situação arriscada. E o risco, ou melhor, a tentação, é de preencher o vazio que deriva do silêncio com uma presença substitutiva, e inevitavelmente ilusória. É o risco que corre a Igreja, as Igrejas, os padres. «Por vezes o vazio não é ausência, mas antes longa gestação. Para os parâmetros do eu, a gestação é sempre excessivamente longa. Mas para os parâmetros da alma, os tempos da espera e da elaboração interior que precede a evidência exterior são sempre aqueles que devem ser.»
Meritocracia: Ilusão que justifica as desigualdades
Este mecanismo de autoengano está tão espalhado, que por vezes as pessoas criam “méritos imaginários” para quem tem sucesso e, talvez mais preocupante, “deméritos imaginários” para quem está no fundo da escala social, os últimos, os descartados, os pobres. Regressa, prepotente, a ideologia dos amigos de Job: aquele que não tem mérito é culpável. Ninguém nunca o diz explicitamente, mas por trás de muitos discursos, hoje como ontem, há a ideia de que a pobreza é uma culpa. No fundo, o verdadeiro e grande problema da meritocracia é que justifica e legitima as desigualdades.
Tendência esterilidade
Temos à nossa frente a perspetiva de uma sociedade feita sobretudo de velhos, uma sociedade sem um futuro que traga sinais de plenitude e de expansão de vida. A tomada de consciência desta situação provoca, desde há anos, proclamações de alarme, promessas de políticas orientadas para disponibilizar trabalho às novas gerações, permitindo-lhes aceder a uma casa e a um sistema de segurança social que ajude verdadeiramente uma vida familiar com a presença de filhos que nascem, crescem e entram na vida da sociedade sem excessivos impedimentos e obstáculos. Na verdade, tais promessas, mesmo que se tornassem política real, não seriam suficientes para inverter esta tendência para a esterilidade. Ela é gerada pela cultura primeiro que pela economia.
Agradecimentos: