CONTRADIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Oliveira
Pelo que contém de muito actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo. Oportuno e conveniente, apesar de tudo…
(A. G. Pires)
Para se defender a diversidade e a imigração expressas na vontade dos governos europeus, outros grupos populacionais com opiniões diversas são demonizados ou excluídos, como se observa exemplarmente na Alemanha e na maneira como é canalizada a insatisfação das massas populares.
A política de imigração, as exageradas medidas governamentais relativas ao Coronavírus, a guerra na Ucrânia e por último Gaza acentuaram a desconfiança das populações nos governos que com o seu seguimento de agendas alheias incrementam a divisão social e política cada vez mais insuportável.
Trágico torna-se, porém, o facto de vidas particulares, familiares e de amigos serem intoxicadas com posições partidárias ideologicamente envenenadas que, sem levarem em conta perdas de humanidade, têm a intenção de influenciar a opinião popular para rebuscadamente levarem a sua avante.
A Democracia cada vez se desacredita mais ao não aceitar pensares diferentes. E os principais demolidores estão a tornar-se os partidos políticos ao expressarem-se de maneira radical na negação das razões do adversário chegando mesmo a demonizá-lo.
A imigração desregrada constitui um problema cultural e social tal como qualquer posição xenófoba. Daí a necessidade de ser permitida uma discussão sem tabus em atmosfera relaxada sobre os aspectos negativos e positivos da imigração e assim se evitar uma discussão política preconceituosa de um lado e do outro dos polos interessados no negócio!
O político e economista Thilo Sarrazin escreveu o livro “A Alemanha abole-se a si mesma” e foi considerado “poluidor do ninho” político sendo, por isso, boicotado e difamado pela política estabelecida embora o livro oferecesse uma oportunidade para uma análise diferenciada da situação. Sarrazin explica os perigos do pensamento ideológico para a nossa sociedade e a nossa cultura política e descreve caminhos errados típicos.
A política é mal-aconselhada ao dar-se ao luxo de estabelecer temas tabus e ao pôr fora de jogo grupos incómodos ou então jogando-os uns contra os outros, como está acontecendo na Alemanha, em Portugal e por toda a Europa; enfim, a afirmação do poder através de ideologias encontra-se em estado exaltado!
Muitos políticos preferem ir de cabeça contra a parede a encarar a questão de maneira prática, racional e argumentativa. Certamente, se as populações também pensassem seria dificultada a praxis governativa actual, mas, a longo prazo, dar-se-ia uma evolução social e política.
A política ainda não passou da fase moral do que é certo ou errado para a fase da ética do que é bom e do que é mau!
António CD Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=