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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

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04
Ago25

A EUROPA SOB O JUGO DE TRUMP NA “FEIRA DA LADRA” POLÍTICA


Oliveira

Pelo interesse que representa o assunto, no contexto actual, para os leitores do blog da COPAAEC, deixamos um aplauso ao Autor-jornalista e docente, António C. Justo.

(A. G. Pires)

Geopolítica, belicismo e a erosão da soberania à custa do humanismo original

Os acordos recentemente firmados entre a União Europeia e os Estados Unidos carregam a marca indelével de Donald Trump. Com tarifas de 15% para automóveis e outros produtos, a UE parece avançar, mais uma vez, em direcção à sua própria insignificância geopolítica. Mas os números revelam um cenário ainda mais preocupante: a Europa comprometeu-se a comprar 750 mil milhões de dólares em energia dos EUA, a investir 650 mil milhões no mercado americano e a adquirir centenas de milhares de milhões em equipamento militar. E, ao mesmo tempo, abre os seus mercados sem tarifas para Washington.

A estratégia europeia, alinhada com o belicismo germânico-francês e o utilitarismo económico britânico, canaliza os orçamentos dos Estados-membros, incluindo os mais pequenos, para uma guerra política (1) que não é sua. No fim de contas, a UE subsidia o imperialismo norte-americano, importando material bélico que não possui, numa tentativa vã de se afirmar como potência militar. Por seu lado, Bruxelas parece aplicar, a nível interno, o que se poderia chamar de "imperialismo mental": uma dominação que vai além da economia, moldando as consciências através de políticas e Media alinhados.

Trump é o senhor do jogo

Donald Trump, o negociador implacável, mantém-se como o grande condutor deste tabuleiro geopolítico. No início do conflito ucraniano, mostrou-se favorável a negociações porque sabia que sairia beneficiado. Mas, ao perceber que Berlim, Paris e Londres estavam totalmente comprometidas com a escalada bélica, viu a oportunidade de reforçar a sua influência. Agora, a UE segue o seu ditado, entregando a soberania em troca de uma suposta protecção.

A Europa, outrora berço do humanismo, parece hoje reduzida a um regime autoritário-militarista, traindo a sua tradição latina em favor do pragmatismo anglo-saxónico. Os líderes europeus, enredados em jogos de poder, pouco se importam com os mortos na Ucrânia, na Rússia ou em Israel/Gaza. O que lhes interessa são matérias-primas, estratégias de medo e a manutenção de um sistema que beneficia magnatas económicos e políticos.

A desconstrução da Europa

A União Europeia, nas mãos de tecnocratas globalistas, perdeu qualquer vestígio de consciência europeia. Em vez de defender a sua cultura e tradição humanista, entrega-se a negócios globais que a enfraquecem. O povo, vítima deste "polvo global", é manipulado por narrativas pós-factuais, emocionalmente carregadas, que justificam as más intenções dos que estão no poder.

Enquanto Trump personifica o imperialismo económico tradicional, Ursula von der Leyen encarna o imperialismo mental; este é ainda mais perigoso, porque combina opressão material com dominação psicológica. Os cidadãos, formatados por uma ideologia que não questionam, tornam-se cúmplices involuntários de sua própria subjugação.

Encontramo-nos na feira da ladra geopolítica

A Europa desmonta-se a si mesma. Os anglo-saxónicos e a Alemanha defendem, na prática, apenas os seus interesses económicos e bélicos, aplicando a velha máxima do "dividir para reinar". Se com o século XVI começou na Alemanha a divisão da Europa entre espírito germânico nórdico e alma latina com a imposição do espírito germânico, no século XXI dá-se um passo em frente através do desenraizamento cultural geográfico passando-se ao processo da dominação mental. Não será de admirar que a China nos levará um dia a redescobrir que éramos o berço do humanismo.

Os povos europeus, humilhados, mas de cabeça erguida por se relacionarem com Trump, assistem à transformação das suas sociedades numa "feira da ladra", onde se negoceia soberania, dignidade e futuro. Resta perguntar: haverá resistência possível, ou a Europa já aceitou o seu papel de vassalo? A Europa, ao negar as suas origens, perde o seu rumo e sentido.

António da Cunha Duarte Justo

In "Pegadas do Tempo": https://antonio-justo.eu/?p=10151

______________________

(1) Segundo o European Council on Foreign Relations (ECFR), a dependência europeia em equipamento militar dos EUA aumentou 42% desde 2022.

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