A ARTE DE LOUVAR
Oliveira
Partilho o texto da meditação de segunda-feira para a meditação e oração do terço, do Cardeal José Tolentino de Mendonça, enviado pelo Ir. Manuel Silva.
(A. Oliveira)
Ensina-nos, Senhor, a arte de louvar,
pois ela conecta a nossa pequena vida
com o vasto, o ilimitado dom que,
de tantas direções diferentes, nos alcança.
Não permitas que o nosso coração se endureça
na contabilidade de cada dia,
desatento ao prodígio
que está mais próximo de nós do que pensamos.
Não nos deixes a folhear o léxico das lamúrias,
fiscalizando as linhas da vida de modo contrariado, mortiço e ressentido,
mais inclinados a nos fixarmos naquilo que considerámos um dano,
em vez de saudar com generosidade
o bem que incessantemente nos visita.
Ensina-nos, em vez disso, a louvar:
e não só quando com sucesso atingimos as metas,
mas também
nas travessias demoradas,
nas passagens ásperas e trémulas,
nas viagens que de repente se tornam mais longas ou mais incertas
do que aquilo que previmos.
Ensina-nos a louvar
o incompleto,
o vulnerável
e o imperfeito, pois sem eles
não entraríamos em confidência connosco mesmos, nem com o amor ou com
a incondicional esperança que nos dedicas.
Ensina-nos a louvar não só porque vimos,
mas também porque desejámos sem ver;
não só porque encontrámos,
mas porque nos desafias neste momento
com mais intensidade a buscar;
não só porque descobrimos finalmente a fonte,
mas porque no caminho tomámos consciência da nossa sede.
Ensina-nos, Senhor, que o louvor nos torna artesãos
da transparência,
da leveza
e da alegria
que veem de Ti.
Cardeal José Tolentino de Mendonça
23.05.2022