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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

04
Mar23

2.º DOMINGO DA QUARESMA - ANO A


Oliveira

Sugestão da homilia para o segundo Domingo da Quaresma - ANO A - 2023 

Jesus transfigurado

O discípulo escuta Deus

Domingo, 5 de Março de 2023

       Irmãs e irmãos, que nos diz a Palavra de Deus neste segundo domingo da quaresma?  Uma mensagem: Jesus transfigurado e o discípulo que escuta.

  1. O discípulo escuta Deus, confia, obedece

   Primeira leitura

    A primeira leitura coloca-nos perante a maravilhosa vocação de um homem, que se tornou Pai do Povo de Deus. Esse homem foi Abraão, que vivia em Ur, uma cidade nas margens do rio Eufrates, na Babilónia. Estava casado com Sarai. Compreendeu que Deus o chamou, com estas palavras: “Sai da tua terra, e vai para onde Eu te indicar”. Abraão ouviu, confiou, obedeceu. Deixou a sua terra, foi para Canaã, tornou-se pai de Isaac, e veio a ser o pai do povo de Deus. Um mundo desconhecido, para uma grande missão: sem ver claro, confiou em Deus.

     Abraão mostrou uma grande fé. Um exemplo para nós, que devemos ouvir, confiar, obedecer ao chamamento de Deus, à nossa vocação. Também para cada um(a) de nós Deus tem um projecto. Ninguém é uma fotocópia, mas sim uma pessoa original, chamada por Deus.

  1. O discípulo alegra-se com o rosto de Cristo

    Evangelho

     Jesus fez um grande favor a Pedro, Tiago, João, no monte Tabor. Permitiu que eles O vissem com o rosto brilhante como o sol, com as vestes brancas como a neve: Jesus transfigurado. E escutaram a voz do Céu: “Este é o meu Filho muito amado, escutai-o”.  Jesus despertou no coração dos três discípulos o encanto, a ponto de eles dizerem: “como é bom estarmos aqui!”.

     Quando o nosso coração contempla, com a fé, o rosto de Jesus, sente grande alegria e força, e nós ganhamos coragem para o caminho de cada dia: os esposos sentem coragem para manterem o seu amor; os evangelizadores têm desejo de tornar Jesus conhecido e amado; quem sofre reconhece o que Jesus lhe diz: coragem, Eu estou contigo. Contemplar o rosto de Cristo leva-nos a dizer: “Senhor, como é bom estar contigo!

     E outra reflexão: O Mestre não esconde a cruz. A seguir à transfiguração, desceu ao quotidiano da vida e disse aos apóstolos: “Eu terei de sofrer… Mas ressuscitarei”:  a vida com a cruz.

     Jesus ressuscitado responde a todas as nossas esperanças. Recordo um facto de vida. Uma senhora, ainda jovem e mãe de vários filhos, pressentia a sua morte próxima. E perguntou ao seu irmão padre: «eu, do céu, poderei ver os meus filhos?» Coração de mãe. A resposta adivinha-se. O padre recordou-lhe São Paulo: “nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem passou pela mente humana o que Deus preparou para aqueles que o amam” (cf 1 Cor 2,9). “Claro que verás os teus filhos”, foi a resposta.  (Maria, minha irmã, esposa de Manuel Lima).

     Este segundo domingo da Quaresma “define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projectos, da obediência aos planos do Pai. Seguir o Senhor com todo o coração”. Conhecemos exemplos: S. Bento, no século V-VI; Francisco de Assis, no século XII; João Bosco, no século XIX; Teresa de Calcutá, no século XX; João Paulo II, século XXI. Nós somos convidados a escutar Deus, confiar e obedecer. Realizar o sonho de Deus.  

  1. O discípulo escuta Deus

     Segunda leitura

    São Paulo anima Timóteo dizendo-lhe que Deus chama-nos e ilumina-nos. Diz assim: “Ele [Deus) salvou-nos e chamou-nos à santidade”. São Paulo estava preso na sua casa em Roma, e com a sua Carta anima Timóteo, bispo de Éfeso, a sofrer, na defesa da fé. É a vocação de todos nós. Pedimos ao Senhor a graça de O seguirmos.

Pe. António Gonçalves, SDB

04
Mar23

DO CONFLITO OESTE-LESTE A DECORRER NA UCRÂNIA


Oliveira

Pelo que contém de muito actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo. Oportuno e conveniente, apesar de tudo…

(A. G. Pires)

Hipocrisia ao Serviço de Narrativas políticas contra Populações e Estados

         A invasão russa da Ucrânia é um reflexo da invasão americana do Iraque e isso é ocultado pelos media e pelos políticos...

       A afirmação de Moscovo que não marchariam sobre a Ucrânia é tão mentira como a do Ocidente quando prometeu que nunca se daria uma expansão da OTAN para o Leste e quando diz que a guerra começou em 24 de Fevereiro 2022. A OTAN desculpa-se agora dizendo que a promessa dada à Rússia não tinha obrigatoriedade de cumprimento porque não pertencia ao direito internacional. Nesta lógica da mentira mútua como se legitima a valorização de uma e a desvalorização da outra a ponto de uma mentira se tornar verdade?

         Durante dezenas de anos, enquanto, na Ucrânia, o Ocidente lavrava a terra, Moscovo deitava adubo e cada um na esperança de vir ter a melhor colheita.

         Naturalmente cada parte tem direito à sua verdade-mentira para levar a sua adiante enquanto o povo dormir, mas nem uma parte nem a outra deveria ter a arrogância de demonizar a parte oposta e assim se continuar a viver no faz-de-conta que é verdade! 

          Os media pró EUA/OTAN criaram em toda a União Europeia a opinião de que quem não dá a culpa absoluta a Putin não se deve sentir homem de bem, o que demonstra que estamos todos enredados na verdade alternativa de espírito maniqueu: de um lado Deus, do outro o Diabo...

         A ideia de uma Europa soberana e politicamente livre não terá hipótese de realização enquanto os Estados Unidos da América do Norte continuarem a jogar com os interesses nacionalistas de nações europeias como impedidores da construção da Europa no sentido da Eurásia...

...o mundo deixou de ser monopolar para ter a chance de vir a ser multipolar muito embora num processo de “bipolaridade” dinâmica chamada a transcender-se; a Europa e os EUA não se mostram interessados em reconhecê-lo (preferindo afirmar-se como bloco monopolar decadente) ...

        O factor egoísta do “primeiro América”, terá de dar lugar a uma nova plataforma de entendimento com espaço para a diversidade de maneira a incluir os diferentes interesses de todos os povos. O processo conflitual construído na Ucrânia em duas dezenas de anos quer pelos EUA, quer pela Rússia assenta em conceitos estratégicos antiquados...

        O ex-primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, desabafou dizendo que os seus esforços de mediação pela paz falharam e não por causa de Putin ou de Selensky, mas por causa da intervenção dos EUA e do Reino Unido.

       Recentemente Israel atacou a capital da Síria, destruindo edifícios causando 15 civis mortos e dezenas de feridos. O mesmo tem feito a Turquia agindo contra o direito internacional na Síria. Disto não se fala na Europa porque se trata de um amigo dos EUA e um povo bem informado constituiria um perigo para os actores geoestratégicos...

António CD Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8342

04
Mar23

PLANO DE PROIBIÇÃO DE ALIMENTOS NÃO SAUDÁVEIS


Oliveira

Pelo que contém de muito actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo. Oportuno e conveniente, apesar de tudo…

(A. G. Pires)

O Ministro Federal da Alimentação na Alemanha apresentou um projecto de proibição de alimentos não saudáveis porque falharam os compromissos voluntários assumidos pelos fabricantes.

Publicidades voltadas para crianças para produtos com muito açúcar, gordura e sal, tal como anúncios de doces entre filmes de desenhos animados e propagandas de salgadinhos na internet e em jogos da TV, serão proibidas de acordo com os planos do ministro. Não apenas para programas infantis, mas das 6h às 23h.

15% das crianças dos 3 aos 17 anos têm peso a mais, o que é um risco para diabetes ou doenças cardiovasculares.

Os hábitos alimentares e de exercícios são estabelecidos durante a infância.

Não será fácil levar adiante tal plano, pelo menos na íntegra na coligação governamental, porque os interesses dos Lóbis farão valer a sua influência.

António CD Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8345

04
Mar23

TRISTE ANIVERSÁRIO DA INTERVENÇÃO RUSSA


Oliveira

Pelo que contém de muito actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo. Oportuno e conveniente, apesar de tudo…

(A. G. Pires)

8 milhões de refugiados ucranianos

Numa guerra que já dura anos, só se avista injustiça, miséria e desumanidade em relação ao passado e ao futuro. Por que não substituir armas por negociações e diplomacia, em vez de deixar a iniciativa diplomática para o fim? As armas atingem tanto a população russa da Ucrânia como a ucraniana.

Ontem, na Assembleia Geral da ONU votaram 141 dos 193 estados membros a favor de uma resolução com formulações vagas sobre o final da guerra: diz-se que “alcançar uma paz abrangente, necessária, daria uma contribuição significativa para o fortalecimento da paz mundial e internacional segurança".

Na Europa encontram-se (estatística de 7 de fevereiro de 2023) 8 milhões de refugiados ucranianos. 5,35 milhões no próprio país. A maioria dos refugiados no exterior está na Polónia (1.541.384), seguida pela Alemanha (1.062.029), República Tcheca (487.393), Moldávia (108.885), Roménia (108.840) e Eslováquia (108.488).

Segundo as Nações Unidas a guerra Rússia-Ucrânia já custou pelo menos 8.006 vidas entre a população civil ucraniana, incluindo pelo menos 487 crianças.

Quanto às estatísticas sobre mortos tanto a Rússia como a Ucrânia mentem para não desmotivarem os próprios soldados... As Informações sobre os soldados mortos variam muito: uns cifram-nas entre 10.000 e bem mais de 100.000 (1).

A guerra propaga a morte e o Ódio. A propaganda militarista conseguiu ganhar a primeira parte da guerra: implantar o ódio no coração de muitas pessoas. É triste quando o olhar não procura ir além da própria trincheira.

António CD Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8338

04
Mar23

NO ADEUS À DEMOCRACIA PREPARADO PELO NEOLIBERALISMO


Oliveira

Pelo que contém de muito actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo. Oportuno e conveniente, apesar de tudo…

(A. G. Pires)

Estados Unidos e China aproximam-se sistemicamente à custa do Humanismo

Até à queda da União soviética a Democracia ocidental era tomada a sério pela classe política e económica devido à concorrência que havia entre o sistema ocidental (liberdade e democracia) e o sistema comunista (dictatorial). Isto levou a Alemanha a criar o sistema da Economia Social de Mercado que pretendia um estado de bem-estar geral; foi iniciado na Alemanha em 1948 e possibilitou prosperidade europeia em toda a população que nele tinha também um elevado nível de segurança e justiça social.

Com a queda da União Soviética e com a união da DDR à BRD (e a EU) em vez de se tentar a boa vontade inicial da Rússia (Construção de uma Casa Comum) a euforia da victória do sistema capitalista sobre o comunista perturbou as mentes dos dirigentes ocidentais levando-os a desregular a Economia Social do Mercado. A partir daí o capitalismo neoliberal tem-se tornado num polvo com tentáculos em todo o mundo (só lhe interessando o lucro e produzir dinheiro, ao não ter em conta o sentido da vida e da sociedade perdeu, deste modo, o próprio sentido e a responsabilidade holística), tornou-se um monstro que se alimenta a ele mesmo e que precisa de criar conflitos para mais engordar; esgota-se no método da competição sem respeito pela liberdade, justiça ou segurança social e provoca antagonismos regionais para ter acesso e domínio das matérias primas em várias regiões do globo (tenha-se presente o que está na base do que acontece em África, Ásia e na Ucrânia)...

Entretanto a democracia e os governantes foram reaproveitadas em serviço do capitalismo liberal (veja-se: Nações Reféns do Sistema Polvo dos Dinossauros das Finanças (1). O poder deste, ao assumir expressão global, tornou-se de tal maneira sobre potente que superou os próprios sistemas democráticos devido ao domínio  que tem sobre a democracia e governantes; empresas multinacionais chegam a ter sob o seu jus  o poder judicial supranacional de regulação nas relações entre elas e até podem submeter à sua ordem os Estados que não criem o enquadramento legal favorecedor dos ditados das multinacionais entre elas...

Enquanto socialmente se fala muito da defesa de direitos de grupos específicos aproveita-se a ocasião para desmontar a personalidade individual em geral, numa de tornar a pessoa humana apenas em portador de direitos não inatos, mas de direitos que o Estado lhe concede!...

Os detentores do poder sabem que as ideias regem o mundo e para que os seus intentos se tornarem mais eficientes servem-se da técnica de estimular sobretudo sentimentos nas populações através dos Media na consciência de que as emoções são energias serviçais...

Os lóbis funcionam como influenciadores dos membros dos partidos eleitos. Assim não temos verdadeiras democracias dado os partidos servirem outros interesses que não os do bem-comum (Poder político e poder económico vivem em concubinato, porque divorciado do povo...

O liberalismo económico globalista destruiu toda a entidade relevante de responsabilidade pessoal ou estatal. Assim passamos a ter uma aproximação dos sistemas democráticos ao sistema chinês...

A classe política, em vez de enfrentar ou controlar as aberrações do neoliberalismo que destrói povos e nações e provoca muita insatisfação e desespero no popular, concentra-se só nos interesses partidários desviando a insatisfação popular para a discussão política partidária simploriamente reduzida a uma questão de extremismos de direita ou de esquerda (no mero interesse de ilibar o sistema partidário doentio). Desta maneira, o sistema vigente, meramente partidário e de interesses corporativos, vai levianamente enganando o povo que alimenta com discussões de interesses partidários ou de moralidade individual que eles próprios criam para, evitando mudança e reforma,  prolongarem o seu poder na administração da miséria que a política cria em cumplicidade com um neoliberalismo bastardo (os seus fins justificam os meios e as populações não o podem notar porque eles mesmos controlam a informação pública/publicada).

Um sistema que poderia disciplinar os partidos seriam as ONGs (movimentos sociais não governamentais), o problema que estas trazem consigo é obedecerem a agências e agendas também elas supranacionais e como tal acarretam o perigo de manipulação dirigida como acontece com as grandes multinacionais económicas e com os blocos ideológicos e como se observa já hoje em algumas ONGs . De momento penso que só o surgir de diversas ONGs a partir dos cidadãos poderão salvar um sistema democrático de caracter holista e humano no sentido original do cristianismo antes de prevalecer nele o caracter de cristandade.

Oportunisticamente os socialistas vão seguindo o modelo chinês que conseguiu concorrer com sucesso com as altas esferas do capitalismo ocidental. O Capitalismo chinês, como empresário estatal, consegue assim afirmar-se no futuro perante os países capitalistas (países do bloco dos EUA) que no seguimento das pegadas da China financiam as grandes multinacionais com o dinheiro do povo (impostos)...

O capitalismo tem andado de braços dados com o colonialismo que vive da exploração dos mais fracos (a África é um exemplo disso, mas disso não se fala porque o calar favorece o nosso colonialismo económico maléfico beneficiador do nosso bem-estar “democrático”!).

É de observar que tanto o sistema estabelecido político como o liberalismo económico procuram viver da rectórica dialética, vivendo do combate contra experimentos como os da Itália, Polónia e Hungria que do outo lado extremo alertam para o extremismo do sistema neoliberal que a União Europeia segue. Estes países são também eles atacados quer pela esquerda jacobina quer pelo neoliberalismo pelo facto de se atreverem a questionar (à sua maneira) o neoliberalismo e por ainda quererem preservar o cristianismo como elemento moderador da sociedade ocidental...

Os partidos instalados e o neoliberalismo orientam o discurso público para o assunto que lhes interessa isto é, o discurso partidário; nesse sentido empurram a discussão dos problemas para a extrema direita e/ou para a extrema esquerda; para esse combate hipócrita basta  seguir uma estratégia moral maniqueia  apostando numa  polaridade enfatizada na política e na sociedade, embora se saiba que somente superando mental ou espiritualmente  a polaridade se  pode alcançar a paz e a serenidade. Não falhamos por causa de como as coisas são, mas por causa de nossas expectativas sobre elas, falta-nos uma percepção/perspectiva holística. Não são as coisas que nos incomodam, mas a importância que damos a elas! Este trabalho de dirigir o factual e também a importância a lhe dar revela-se como factor de sustentabilidade de um sistema elitista ultrapassado porque centrado só nele mesmo embora saiba que “não é certo tirar o pão dos filhos” (o que há de maior valor) e deixar apenas algumas migalhas que caem da mesa para o povo! (Mat. 15:21-28). Sabem que a vida se constrói segundo as nossas convicções e por isso tratam de criar no público convicções mentais superficiais sabendo que o mainstream não consegue discernir.

A democracia não morre pelo facto de eleger alguns autocratas ela morre por ela mesma ao não questionar o próprio regime tornado questionável nos seus fundamentos, o que pode preanunciar os sintomas da queda de civilizações. Um facto sustentável na história é que o povo continua, à imagem de Jesus, a ser crucificado no madeiro da História! ...

A política foge aos problemas dizendo que apenas é necessário democratizar a sociedade, a família (porém o acento não deveria ser colocado no democratizar porque em termos de poder democratizar significa propriamente domar e a questão não está no método mas na atitude e intenção), o acento deveria ser posto em humanizar o poder e na sequência a humanização da democracia, da família, da escola...

Se bem observamos a situação, as nações, os governos e o povo foram todos transformados em pedintes da economia internacional (tudo endividado ad eternum – propriamente só o poder económico anónimo determina o comportamento de governantes, cidadãos e da democracia); para ajudar, a nível ocidental, observa-se a desmontagem cultural.

A Índia preside o G20 desde Dezembro e quer uma nova ordem mundial para remodelar a globalização. Na sua presidência, gostaria de uma mudança de paradigma e colocar as pessoas em primeiro lugar na agenda mundial...

É calamitoso e desumano pensar que, na realidade, os membros do G20 controlam mais de 80% do produto interno bruto mundial e 75% do comércio mundial quando representam apenas 60% da população mundial.

No meio de tudo isto será de não esquecer que o medo não é bom conselheiro e só apoia os fortes. O medo não deixa filhos, mata a esperança!

António CD Justo

(Teólogo e Pedagogo)

Artigo completo com notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8351

03
Mar23

AS FORÇAS DO MAL NÃO PREVALECERÃO


Oliveira

Partilho, com a devida vénia, um artigo do Dr. Pedro Vaz Patto, que já foi publicado no jornal digital «A Voz da Verdade».

Julgamos útil e oportuno facultar aos leitores do Blog da COPAAEC este e outros assuntos de interesse que ajudam a «preservar, defender e viver os valores da educação recebida».

Guilhermino Pires

        Foi com profunda indignação e tristeza que li o relatório sobre abusos sexuais praticados em ambientes da Igreja nos últimos setenta anos. Devo dizer também com alguma surpresa, pois até há pouco acreditava ilusoriamente que o fenómeno em Portugal não tinha a dimensão que teve noutros países. É natural que outras pessoas pensassem também isso, pois uma grande parte dos testemunhos agora divulgados são de pessoas que nunca haviam relatado a ninguém os abusos de que foram vítimas, nem de algum modo haviam apresentado queixa deles.
        Estou habituado, na minha profissão de juiz, a ouvir relatos igualmente chocantes, todos eles praticados noutros ambientes, os mais variados. Mesmo assim, não me tinha apercebido da gravidade de traumas que perduram tantas décadas depois. E não estou habituado a ouvir tão graves e repugnantes sacrilégios relativos aos sacramentos da ordem e da confissão, preciosos dons de Deus para a humanidade.
         Por mais que me esforce, ainda não consegui encontrar uma explicação humanamente compreensível para este fenómeno.
        Sei bem que não se trata de uma especificidade dos sacerdotes e da Igreja Católica. Além do mais porque, como disse, lido com este crime regularmente e vejo-o praticado por homens de muitas profissões e graus de instrução. Há estudos que estimam as vítimas em 18% de todas as crianças e adolescentes do sexo feminino e 9% as do sexo masculino. Mas é claro que não seria de esperar (dizem-no católicos e não católicos) que ele fosse praticado com tanta frequência por filhos da Igreja. Na verdade, estes abusos representam talvez o que possa conceber-se de mais contrário à mensagem de Jesus Cristo (que considera feito a Si o que fizerem ao «mais pequeno dos meus irmãos»). Basta recordar como uma das novidades da influência cultural cristã na Antiguidade foi, precisamente, a valorização das crianças, em sociedades onde eram aceites, até por destacados pensadores, o infanticídio, o abandono de recém-nascidos e o abuso sexual de crianças e adolescentes (práticas que deixaram de ser aceites devido a essa influência). Estes crimes representam também a mais flagrante violação da ética sexual cristã e católica (que recusa a instrumentalização da pessoa reduzida a objecto de satisfação de impulsos sexuais) e é por demais absurdo culpar essa ética (como há quem o faça) pela ocorrência desses abusos no âmbito da Igreja.
          Não é certamente o celibato sacerdotal que está na origem dos crimes de abusos sexual de crianças, que são quase sempre praticados por pessoas não celibatárias e também por ministros casados de outras denominações cristãs. É uma evidência que um homem com tendências pedófilas não as afasta com o casamento ou a vida marital; pelo contrário, surgirá então o perigo de praticar estes crimes no seio da família.
      É verdade que o abuso sexual de crianças e adolescentes, dentro ou fora da Igreja, supõe sempre uma assimetria entre abusador e vítima (pela idade, posição social, etc.) e traduz sempre uma forma extrema de abuso de poder. Por isso, há quem veja na estrutura hierárquica da Igreja e no clericalismo a raiz deste problema. Mas também não consigo encontrar aqui uma explicação humanamente razoável para ele. É verdade que, na Igreja, como noutros âmbitos da sociedade, a autoridade pode degenerar em autoritarismo, mas sem que normalmente esse abuso chegue ao extremo que representa o abuso sexual de crianças e adolescentes. Ou seja, uma qualquer autoridade ou a tendência para dela abusar não explicam, por si só, a ocorrência deste crime.
        A propósito da publicação deste relatório, vem-me à mente a promessa de Jesus relativa à sua Igreja: «As forças do Mal não prevalecerão sobre ela» (Mt 16, 18-20). Jesus não disse que essas forças do Mal não atacarão a Igreja, disse que sobre ela «não prevalecerão». E, como disse a propósito o Papa Bento XVI quando esteve em Portugal, essas forças do Mal não atacam a Igreja apenas desde fora, também estão no seu interior.
           É porque essa promessa de Jesus é verdadeira que a Igreja, ao longo de dois mil anos, sobreviveu a muitas crises tão ou mais graves do que esta, a muitas infidelidades dos seus filhos tão ou mais graves do que estas, o que certamente não sucederia com outra qualquer instituição humana. Mas não se trata apenas de sobreviver. Podemos dizer que, nessa história, às trevas sempre sucedeu a Luz, ao pecado sempre sucedeu a santidade (São Francisco de Assis e muitos outros na Idade Média, Santa Teresa de Ávila e muitos outros depois do Renascimento), à paixão e morte sempre sucedeu a Páscoa da Ressurreição.
        Penso que será também assim nesta hora da História da Igreja em Portugal e no Mundo. Há que ter a coragem de encarar a realidade como ela é, porque «a verdade liberta». Há que ter a humildade de reconhecer erros graves e infidelidades à mensagem que queremos difundir. Há que fazer tudo para minorar o sofrimento das vítimas, também elas filhos e filhas da Igreja, mesmo os e as que dela se afastaram. A Igreja deve fazer seu o sofrimento destes seus filhos e filhas. Esse seu exemplo pode servir (como já muitos reconheceram) para outras vítimas deste crime, de que muito menos se fala. Na esperança de uma Ressurreição, para essas vítimas e para todos nós.

Pedro Vaz Patto

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