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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

26
Dez22

Na morte da Teresa Seabra: mensagem da Isilda Pegado e comunicado do Apoio à Vida


Oliveira

Partilho informação enviada pelo Dr. António Pinheiro Torres, sobre uma notícia triste. A Copaaec envia sentidas condolências a toda a família e amigos da Dra. Teresa Seabra. Que Deus a receba na sua Glória. Descanse em paz.

(A. G. Pires)

Queridos amigos: partiu ontem para a casa do Pai, a nossa amiga Teresa Seabra.

Reenvio abaixo o comunicado da associação Apoio à Vida (que no fim diz quando e onde serão, hoje e amanhã, as suas exéquias) e transcrevo a mensagem a esse propósito da Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida:

“  Queridos amigos,

a Teresa Seabra foi das nossas primeiras “operacionais” no movimento de defesa da Vida que foi a génese da Federação pela Vida.

Em 1998, no 1° Referendo ao Aborto ( que ganhámos!) a Teresa, conjuntamente com outros, assegurava a logística da Campanha (grupos cívicos, cartazes, comunicados, etc.) para todo o País, a partir da sede então na Rua Santana à Lapa em Lisboa. Era de uma eficiência e Caridade ( no sentido mais nobre da palavra) que nos enchia o coração e impulsionava no trabalho. Um dia, quando tudo parecia perdido, disse “se existirem 10… ganharemos o Referendo”. E ganhámos mesmo! Foi maravilhoso!

A saudade desses tempos, tem também este nome - Teresa Seabra!

Depois… a Teresa ficou doente e sem poder fazer ou agir … mas sempre tivemos por certo que ela, na sua nova circunstância, continuava a “fazer muito” a ajudar nos e a dar toda a Caridade, de que tanto precisamos…

Com a sua partida para o Pai, onde já a esperava o seu filho Luís, abre se um nova possibilidade desta Caridade da Teresa. Em oração estaremos mais perto dela.

Esta Grande Senhora deixou nos 3 maravilhosos filhos, sendo o Zé Maria o nosso amado coordenador-geral da Caminhada pela Vida e membro da direcção da Federação .

Nesta hora de luto e dor, para toda a família e amigos, fica nos também a Memória de quem mais do que  nós , usou a Caridade - sempre pela Vida.

Obrigado querida Teresa!

Dai Lhe Senhor o Eterno Descanso… ”

Um abraço a todos desejando uma santa quadra do Natal, do

António Pinheiro Torres

_________________________________________

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Caros Associados e Amigos do Apoio à Vida

É com muita tristeza que vos comunicamos que morreu ontem, Dia de Natal, a nossa fundadora e primeira Presidente da Direcção Maria Teresa Félix da Costa Seabra.
Para a Teresa, nunca houve dúvidas quanto ao valor de uma vida. Demonstrou-o em todos os momentos e atitudes que testemunhámos, quer quando recebia mulheres grávidas em dúvida que precisavam de ser compreendidas e fortalecidas, quer mais tarde, quando teve de enfrentar a sua doença.
Em 1998, aquando da mobilização pelo Não no referendo à legalização do aborto, tornou-se claro que muitas mulheres o faziam porque não encontravam apoio. E foi por isso que, desde o primeiro dia, sem hesitar, a Teresa se dedicou de alma e coração a esta Associação.
Sabia que seria difícil mas não tinha dúvidas que, a suportá-la, tinha Deus e Nossa Senhora. Contava com o poder da oração e com os sábios conselhos do seu irmão João, de quem também já temos tantas saudades.
Desde então, graças à Teresa, o Apoio à Vida já ajudou centenas de Mães a dizerem sim aos seus bebés, acompanhando-as até se reconhecerem fortes e autónomas.
Sem saberem, todas estas mulheres e as suas famílias beneficiaram da coragem e da determinação da Teresa. E todos, no Apoio à Vida, temos muito a agradecer-lhe por esta sua obra, na qual temos a honra de trabalhar e pela qual continuaremos a zelar. 
As celebrações exequiais terão lugar na Igreja Paroquial de Santa Joana Princesa, hoje, dia 26, às 21h00, e amanhã, dia 27, às 14hOO.
Lisboa , 26 de dezembro de 2022

A Direcção

 

20
Dez22

UM SANTO E FELIZ NATAL

A COPAAEC deseja a todos um SANTO E FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO.


Oliveira

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«Tu és a noite de Natal quando, humilde e consciente, recebes no silêncio da noite o Salvador do mundo, sem ruído nem grandes celebrações; tu és sorriso de confiança e ternura na paz interior de um Natal constante estabelecendo o reino dentro de ti». (Papa Francisco).

SANTO E FELIZ NATAL e ANO NOVO

Jorge  dos Santos

20
Dez22

ENVELHECIMENTO


Oliveira

Ora, aqui vai um texto que vinha a calhar neste tempo em que alguns já se sentem a caminhar para o «envelhecimento»…

...e se lembram as tradições dos festejos natalícios onde o centro era Jesus no Presépio…. E hoje nem presépio nem Jesus… a árvore e o «pai-natal» ocupam o lugar entre as feéricas iluminações e as músicas a ocultarem a estrela da gruta de Belém e o «Gloria in excelsis Deo» cantado pelo coro dos Anjos…

Mas vale a pena, como sugestão para os leitores do Blog a quem a COPAAEC saúde e deseja um SANTO E FELIZ NATAL do Emanuel – Deus connosco - portador da Paz aos «homens de boa vontade»…

A.G.Pires

O tema da velhice no cruzamento de dois olhares

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Maria Luísa Ribeiro Ferreira

Ponto SJ, 12 de Dezembro de 2022

O acaso, que muitas vezes é o critério orientador das minhas leituras, levou a que quase simultaneamente me viessem parar à mão dois textos que de um modo muito próprio (e diferente), abordam o tema da velhice.

Foram eles o livro da escritora Lídia Jorge, intitulado Misericórdia e o artigo do filósofo Manuel Curado “A Alegria de ser velho. Representações portuguesas da velhice “. [1]

Ambos os textos me interpelaram, não só porque começo a sentir (no corpo e na mente) o peso dos anos, mas também porque o assunto é abordado em registos que me são familiares – a literatura e a filosofia.

1. Lídia Jorge

Lídia Jorge, no esplendor da escrita a que nos habituou, apresenta-nos o relato dos últimos tempos da sua mãe, vividos num lar de idosos. E o título da obra, que inicialmente nos intriga, vai sendo paulatinamente compreendido e aceite na medida em que nos embrenhamos nos setenta e um relatos que atribuiu à mãe, Maria Alberta Nunes Amado (no livro mencionada também como dona Alberti).

Num contraste com o cenário circunscrito do lar onde aparentemente deveria dominar a rotina, Lídia Jorge inicia os diferentes capítulos mencionando um atlas que Alberta folheia, discutindo com a noite, à qual se dirige dizendo: “Vence-me, noite, se és capaz…” (pg. 13). A noite perpassa como uma ameaça em todo o livro e reaparece no fim com toda a sua força: “Sem eu dar por isso, a noite havia-me seguido como um animal selvagem segue a presa, acachapada com o chão, encoberta atrás do piano, e agora ali estava ela.” (pg. 455). Na sequência ritmada das noites e dos dias cruzam-se cuidadoras como Nina, Lilimunde e a rápida e eficiente Salomé; as companheiras de mesa das quais se destacam a aristocrata Luísa de Gusmão, a francesa Rita de Lyon e Dona Joaninha “que é filha de peixeiro, mas é educada” (pg. 26). Ana Noronha, a directora, é uma figura afável que atravessa o livro e a quem D. Alberta surpreende perguntando-lhe onde fica Baku (pg. 78).

A monotonia dos dias é quebrada pelo aparecimento de novos habitantes como o Sargento João Almeida “um homem elegante, com o peito saliente, muito mais saliente do que o ventre, ventre liso, como se não comesse nada…” (pg. 56). Não fosse a bengala das quatro ganchorras, o sargento seria a perfeição (pg. 142). Dele recebeu Maria Alberta uma mensagem: “Dona Maria Alberta, mande sempre. Tenho toda a informação de que precisa no meu telemóvel” (pg. 150), um recado precioso que funciona como talismã e, para a mãe de Lídia Jorge, como uma declaração amorosa. Por isso, do princípio ao fim do livro ela conservou este escrito ao qual atribuiu uma conotação amorosa, ficando inconsolável quando pensou tê-lo perdido e retomando a alegria ao reencontrá-lo.

Dona Alberti preenche a solidão recordando episódios do passado, nos tempos felizes em que tratava do jardim, lembrando os canteiros, as sebes e as flores: “(…) um a um reconstituí os canteiros e as sebes. Fechei os olhos. Por esta altura, se acaso a seca o permitir, estão as lantanas carregadas de flores vermelhas.” (pg. 58).

Ao longo do livro Lídia Jorge inclui pequenos escritos de sua mãe, uma prosa em itálico que aparece a rematar alguns capítulos. São desabafos e recordações, as mais das vezes sem data, assinalando os estados de espírito de quem os compôs.

A filha é uma presença constante, quer nas múltiplas visitas que faz ao lar, quer esporadicamente pelo telefone, nas vezes que liga à mãe dos países distantes onde se desloca em trabalho ou em recreio, quer nos desentendimentos e incompreensões que levam a zangas e amuos, sempre ultrapassados pelo amor que a ambas une. As visitas de Lídia são ocasião de prazer, mas também de conflito, os mundos que habitam são diferentes e os valores e os interesses colidem, levando a amuos recíprocos: “No teu lugar não escreveria assim os finais dos livros, procuraria outra forma” (pg. 88). E mesmo quanto ao enredo, a mãe não desiste de aconselhar a escritora, propondo-lhe que se dedique a figuras históricas ou a relatos edificantes: “No conjunto, os teus livros são um vale escavado num deserto repleto de gente pobre”; (…) escreves um livro importante se descreveres Jesus a subir ao céu.” (pg. 114). É uma incompreensão inevitável pois cada uma habita um universo próprio, com as suas regras, objectivos e referências. Mas em Lilimunde, Lina e nos restantes membros do pessoal do lar, na Directora Ana Noronha, nas amigas Joana Amaral, Luísa de Gusmão, Rita de Lyon e em João Almeida – o seu amor secreto – Maria Alberta encontra consolação para o desentendimento com Lídia. O bilhete que J. Almeida lhe enviou termina na afirmação “mande sempre” e é apreciado como uma declaração, uma espécie de talismã a que ela se agarra em momentos sombrios.

No final de cada capítulo há sempre duas ou três linhas da autoria de Alberti, como que a atestar que, embora de modos diferentes, mãe e filha cultivam a arte de escrever. E ao interrogar-se sobre a diferença entre um escritor e uma escritora, a mãe recebe da filha uma resposta desconcertante: “uma escritora é uma mulher que faz amor com o Universo” (pg. 162).

O passar dos dias prossegue rotineiro, com pequenos e grandes incidentes como um ataque de formigas, a récita do livro de Job, as rezas e os cânticos, e as mortes, muitas mortes, que Maria Alberta relata a sua filha. Uns laivos de vontade própria surgem no episódio da fotografia “artística” ao grupo de idosos e idosas, acentuando a sua degenerescência. A sua recusa em participar na foto, influencia as companheiras de mesa, o que levou o cuidador Ali a apelidá-la de “strong” (pg. 281).

A monotonia dos dias é atravessada por eventos que a quebram – Edgar de Paula, o sedutor, a morte do senhor Tó, as novas conquistas de Dona Joaninha, a saída de Igor e de Ali, provocada pelo senhor Gomes e o senhor Tavares, sendo este tratado como a figura do mal – “Amaldiçoado você para sempre, senhor Tavares!” (pg. 352). Lilimunde grávida leva dona Alberti a recordar episódios passados, de riso e de lágrimas. E o desejo de morte quase vence quando se apercebe de ter sido roubada, quer de agasalhos quer da mensagem do sargento Almeida: “Eu tinha feito núpcias com a aventesma escura e havia sobrevivido.” (pg. 394). Mas, apesar de tudo a mensagem preciosa – “Dona Maria Alberta, mande sempre” – é reencontrada.

O ano novo aproxima-se, ano em que Dona Joaninha pede para aprender a ler – “Dona Alberti, para mim o Ano do Carro vai ser o ano em que eu vou aprender a ler” (pg. 410). Os habitantes do lar assistem à largada dos fogos de artifício. Maria Alberta Amado faz várias chamadas, a última das quais dirigida à filha, a quem informa: “vou pedir que se realize aquilo de que tu gostas, que continues sentada debaixo da mesa da História e faças amor com o Universo.” (pg. 418).

O relato tem o seu fim com o isolamento total dos moradores, tal como aconteceu nos diferentes lares do nosso país no período mais agressivo da pandemia. A morte aparece com todos os seus poderes, encarnando na noite que a todos leva no seu rasto. Mas Dona Alberta leva a melhor nesse combate, e as suas últimas palavras são: “Estou cheia de energia, quero voltar ao pátio da escola e saltar até me voar o chapéu.”(pg. 457).

É assim que a noite acaba por não a vencer.

2. Manuel Curado

Vejamos agora o texto de Manuel Curado que no início referimos. Dele relevamos as três primeiras partes, onde o título – “A alegria de ser Velho” – parece uma ironia dado que, numa leitura imediata podemos concluir que “ninguém associa felicidade e velhice.” (pg. 5). De facto, somos constantemente inundados nos media por pessoas novas e bonitas, há inúmeros fármacos a propor rejuvenescimento e o tema da juventude eterna surge como ideal a alcançar. Ora a pandemia veio mostrar a falsidade destas teses, evidenciando que, afinal, todos somos vulneráveis.

Embora Manuel Curado seja filósofo, neste texto que escreveu recorre à literatura, apresentando-nos um conjunto de escritores portugueses que se debruçaram sobre o tema do envelhecimento. Iremos considerar apenas a primeira parte do seu artigo. Nela se comenta um livro de Mário Duarte intitulado Aquário, uma obra em que o autor relata a experiência vivida como cuidador, num lar de velhos na Holanda. [2]

O retrato que nos é traçado desta casa de acolhimento, num país dito “civilizado”, sublinha as preocupações essenciais do pessoal que lá trabalha, ou seja, alimentar, lavar e vestir os idosos e as idosas que aí vivem, procurando mantê-los vivos. E a imagem que nos é dada da instituição é a de um aquário, ou seja, um lugar onde todos se mantêm vivos embora “a morte não surpreenda ninguém” (ob. cit., pg. 13). É um trabalho mecânico pois todos os dias e às mesmas horas os mesmos gestos de cuidado se repetem, sem grande preocupação em quebrar a monotonia que inevitavelmente domina. O objectivo principal é manter os idosos lavados, alimentados e vestidos, assegurando a manutenção da sua existência física. As condições desse lar são excelentes, a arquitectura é agradável, a comida é boa mas, no dizer de Mário Duarte (que Manuel Curado cita): “a luta diária é a batalha contra a urina.” (pg. 18). Muito mais do que fomentar conversas ou promover distracções, o que importa é manter os “peixes” desse “aquário” limpos e de saúde. E Manuel Curado selecciona passos do texto de Mário Duarte em que essas “pessoas-peixes” são observadas ao longo do dia – uns dormem sentados, outros falam sozinhos, outros aparentemente procuram a saída.

Os próprios cuidadores procuram defender-se desta atmosfera deprimente, evitando ligar-se afectivamente aos asilados. Há toda uma ética do cuidado que se mantém, mas que parece adormecida nos seus aspectos positivos, pelo trabalho mecânico e árduo que é pedido a todos e a todas que trabalham neste lar. As visitas são raras e “a comunicação entre visitantes e visitados não chega a acontecer (…) há palavras que já não se dizem.” (pg. 14).

O objectivo dos dirigentes da instituição é mostrar que os ocupantes do lar são bem tratados. E de facto isso acontece, o que sossega a consciência dos familiares. Mas Manuel Curado conclui que “a gentileza das visitas e a arquitectura sofisticada da casa de vidro escondem a prisão total de onde os velhos nunca sairão (pg. 15). [3]

Confrontando os dois relatos, necessariamente diferentes por diferentes serem as personagens que os habitam e os contextos em que acção decorre, verificamos, no entanto, que no romance Aquário há uma ausência e essa falha ou falta é precisamente a misericórdia. No lar de idosos holandeses as pessoas são bem tratadas e procura-se dar o conforto possível a quem está diminuído, quer pela idade quer pela doença. Mas o romance de Lídia Jorge faz jus ao seu título pois, embora nem sempre de um modo explícito, é inegável que a misericórdia está presente, manifestando-se nos pequenos gestos dos cuidadores e cuidadoras, na compaixão por vezes irritada da autora que nem sempre compreende as dores da mãe, na amizade que se estabelece entre os habitantes do lar irmanados numa mesma fragilidade, na resistência que os une numa mesma luta para se manterem vivos. O que me lembra Espinosa e a força do “conatus” que habita em cada ser pois, para o filósofo judeu, uma pedra, um animal ou um ser humano oferecem resistência à destruição que a todos se coloca como ameaça: “Cada coisa esforça-se, tanto quanto está em si, por perseverar no seu ser”, escreve ele na sua Ética.[4] Mas aquilo que nos une a todos os seres que existem, não impede no entanto as diferenças que entre eles se estabelecem. E certamente, uma das qualidades que distingue os humanos dos outros habitantes da terra, é a sua capacidade de misericórdia pela qual conseguem colocar-se no lugar do outro, sentindo as suas dores e partilhando-as de um modo compassivo. Mais uma vez recorrendo ao filósofo judeu lembramos como ele define a misericórdia no livro III da Ética, onde nos apresenta a definição dos afectos: “A misericórdia é o amor na medida em que o homem é afectado de tal maneira, que se regozija com o bem alheio e, pelo contrário, se entristece com o mal alheio.”[5]

É esse o olhar que falta no Aquário de Mário Duarte, mas que atravessa, da primeira à última página, o livro de Lídia Jorge. Daí o modo necessariamente diferente como nos apresentam a velhice.

NOTAS

[1] Lídia Jorge, Misericórdia, Lisboa, D. Quixote, 2022; Manuel Curado, “A Alegria de ser Velho. Representações Portuguesas da Velhice”, in Igreja e Missão. Revista Missionária de Cultura e Actualidade, Janeiro – Abril 2022, ano 75, pgs. 5-36.

[2] Mário Duarte, Aquário. Reportagens Poéticas de um Asilo Holandês para Velhos, Lisboa, Círculo de Poesia, Moraes Editores, 1979.

[3] Limitamo-nos a abordar parcialmente o texto de Manuel Curado que continua numa linha diferente, revisitando toda uma série de autores portugueses que escreveram sobre a velhice, dando-nos dela uma perspectiva mais optimista.

[4] Espinosa, Ética, III, prop. VI, (Tradução, introdução e notas de Diogo Pires Aurélio, Lisboa, Relógio d’Água, 2020, pg. 209).

[5] Espinosa, Ética, III, Explicação XXIV, ed. cit., pg. 255.

 

 

19
Dez22

LANÇAMENTO 2º NUMERO REVISTA "CRITICA XXI" (21-DEZ) + SAVE THE DATE CAMINHADA PELA VIDA (18-MAR-2023) + VOTOS MULTIMÉDIA DE SANTO NATAL


Oliveira

Partilho informação enviada pelo Dr. António Pinheiro Torres, em benefício dos leitores do nosso Blog

(A. G. Pires)

Queridos amigos

Em vésperas de Natal dois avisos breves:

- O 2º número da revista “Critica XXI” (dirigida por Jaime Nogueira Pinto e Rui Ramos) é lançado esta quarta-feira, 21 de Dezembro, às 18.30 na Livraria Barata (Avenida de Roma 11-A, Lisboa). A capa deste número segue em anexo.

- Foi finalmente fixada a data (sabia-se o mês, mas não o dia) da próxima Caminhada pela Vida: será no dia 18 de Março de 2023 e em, pelo menos, 10 cidades do país (quem se quiser atirar a fazê-la na sua cidade [ainda faltam 8 capitais de distrito] está mais que em tempo de o levarmos por diante, basta contactar-nos [se para este email encaminharei para o José Maria Seabra Duque, seu coordenador-geral]). Indispensável: colocar este compromisso nas nossas agendas; divulgar o save the date (em anexo) por todos os meios e começar a mobilizar para a mesma. Recordo que a Caminhada pela Vida tem este Facebook e este Instagram.

Ainda impressionado e comovido pelo evento extraordinário que foi o Jantar de Natal da Federação Portuguesa pela Vida (as palavras do senhor D. Manuel Clemente, que presidiu à Missa; a participação e intervenção de organizações e protagonistas das nossas batalhas; a atribuição do Prémio Vida deste ano ao Vasco Mina [membro da direcção da federação que partiu para a casa do Pai em 3-Julho passado], etc.) formulo os meus votos de Santo Natal como se segue: com o cartão de Natal [junto] da revista Critica XXI que tem como tema central a Esperança (que dizia Péguy é o que mais espanta Deus) e o vídeo de Natal do movimento Comunhão e Libertação ao qual pertenço.

Um forte abraço a todos cheio de esperança e entusiasmo pelo ano que aí vem, do

António Pinheiro Torres

capa do n.º 2 da Revista Critica XXI.jpeg

Natal 2023 A humana Esperança que espanta Deus.jp

SAVE THE DATE CAMINHADA PELA VIDA 18-MAR-2023.jpeg

 

12
Dez22

HABITAR O PRESÉPIO


Oliveira

Partilho o texto da oração mandada pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, enviado pelo Ir. Manuel Silva.

(A. Oliveira)

 

Segunda-feira, 12 de Dezembro, rezaremos o terço às 20:00 na Capela do Rato pelo Papa Francisco, pelo Cardeal Tolentino de Mendonça e por José Alberto, o nosso querido diácono.
Este será o último terço do ano 2022 que rezaremos juntos. Recomeçaremos em Janeiro de 2023 no Teams durante várias semanas.
(Ir. Manuel Silva)
 
 
"Ensina-nos, Senhor, que a Tua História rasga horizontes mais amplos à nossa, 
pois a Tua manjedoura é o lugar onde hoje podemos nascer."
 

 

       Ensina-nos, Senhor, não só a construir o presépio, mas a escutar o Teu chamamento a nos transferirmos para dentro dele.

      Ensina-nos que não apenas os reis magos vêm de longe. Como eles, também nós somos desafiados a percorrer distâncias por vezes árduas para nos abeirarmos de Ti.

     Ensina-nos a decifrar na noite compacta o brilho de uma estrela que dança e a escutar, como os pastores escutaram, a voz dos anjos a iluminar a escuridão. É tão fácil na nossa cegueira desacreditarmos que uma estrela possa impulsionar novos caminhos. É tão habitual na nossa surdez pensarmos que não há já notícia feliz dirigida a nós.

     Ensina-nos, Senhor, a tornarmo-nos cúmplices da gestação da esperança; a arriscarmos ser facilitadores do sorriso de Deus, meditando no papel
reservado a Maria.

     Ensina-nos a proteger aquilo que nasce com a sabedoria e a sobriedade que contemplamos em José. Que a fragilidade não nos assuste, mas nos confirme sim na missão de guardiães.

       Ensina-nos a doçura paciente daqueles animais que primeiro envolveram Jesus num afago, porque Tu nos pedes para sermos uns para os outros cuidado, comunhão e carícia.

      Ensina-nos, Senhor, que a Tua História rasga horizontes mais amplos à nossa, pois a Tua manjedoura é o lugar onde hoje podemos nascer.

        Card. José Tolentino de Mendonça
        12.12.2022

07
Dez22

Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria


Oliveira

Sugestão da homilia para a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

    Irmãos, a Igreja alegra-se ao celebrar a Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. O Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854 declarou como dogma de fé a verdade da Imaculada Conceição, declarando: “A bem-aventurada Virgem, no primeiro instante da sua conceição, foi preservada imune de toda a mancha de pecado original”.

  1. Maria chamada pelo anjo cheia de graça

     Evangelho

     Irmãos, quando o anjo anunciou a Maria o mistério da incarnação, chamou-a não pelo nome, mas a “Cheia de Graça”: Ave, ó cheia de graça”. Ave significa: eu te saúdo.

     Um sinal particular na história cristã: em 1858, quatro anos depois de o Papa ter declarado o dogma de  Nossa Senhora Imaculada Conceição, Nossa Senhora veio mostrar em Lurdes o seu agrado por este título.  Quando a menina Bernadete andava a apanhar lenha com outras companheiras, junto do rio Gave, ergueu os olhos e ficou encantada com uma linda visão: Nossa Senhora, vestida de branco, com uma faixa azul à cintura, e uma flor em cada pé. E quando Bernadete lhe perguntou: “Quem sois?”. Ela respondeu: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

       Hoje, quem vai a Lurdes, vê uma longa fila de pessoas a passar por essa gruta, com gosto popular em tocar na rocha da gruta onde apareceu Nossa Senhora. Ali perto nasceu uma fonte de água, quando Nossa Senhora disse à menina Bernadete, lava-te. Muitos doentes são levados às piscinas. Algumas vezes Deus permite o milagre da cura. Conheço uma pessoa que visitou Lurdes, viu uma senhora a levar uma doente na cadeira de rodas em direção às piscinas, e pediu-lhe: permite-me que eu conduza esta doente? A senhora consentiu, dando alegria por este gesto sensível de devoção (p. ag). O principal, no entanto, é nossa vida cristã.

     Portugal mostrou devoção com o gesto do Rei D. João IV, quando pegou na sua coroa e a colocou aos pés da Imaculada Conceição, em Vila Viçosa! Imaculada Conceição: nossa Mãe e Rainha. 

  1. Maria Imaculada realiza a profecia do começo da humanidade

     Primeira leitura

     Para compreendermos este mistério, recordemos: no começo da humanidade, deu-se a tragédia do pecado dos nossos primeiros pais. E por um sentido solidário com essa falta, todos nascemos nessa situação de pecado original. Mas nessa altura Deus abriu uma grande luz, anunciando a Imaculada Conceição com estas palavras, dirigidas à serpente: “Eu porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência dela: esta te esmagará a cabeça” (Gn 3, 15). É o anúncio de Maria, e da sua descendência: o Messias.

     A Igreja defendeu esta verdade desde os primeiros séculos, S. Justino, Santo Ireneu, e Tertuliano exprimiram-se nesse sentido; a eles se juntaram Santo Ambrósio, Santo Agostinho, e outros. A Virgem Santa Maria, com a sua descendência, o Messias, esmagaria a cabeça da serpente, ou seja, o mal e o pecado.

  1. Maria Imaculada, Sinal dos tempos novos

     Segunda leitura

     Irmãos, este sinal de Maria sempre Virgem, Imaculada, é uma voz a chamar-nos para uma vida de pureza. A Carta de São Paulo aos Efésios encanta-nos com uma Bênção de Deus. Diz assim: “Bendito seja Deus… que nos escolheu antes da criação do mundo, para sermos Santos”.  Santos com uma vida pura:

     Jesus chama-nos a essa vida de santidade com uma das Bem-aventuranças: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5,8).

     Os casais vivem a sua castidade sendo fiéis ao matrimónio, gerando e educando os filhos. Os jovens vivem a castidade não antecipando os direitos do matrimónio. Um exemplo: quando perguntaram ao jovem Domingos Sávio, de 15 anos, para que queria ele os olhos, perante cartazes impróprios, ele teve uma resposta inteligente: “Os meus olhos quero-os para ver o rosto da nossa Mãe Celeste, a Virgem Maria, quando, se for digno disso, me receber Deus no Paraíso” (João Bosco, Domingos Sávio p. 74).

     Pedimos a esta boa Mãe que nos guarde com o seu manto, na defesa da nossa fé. 

 Pe. António Gonçalves, SDB

05
Dez22

NÃO SOMOS DEMAIS


Oliveira

Segue abaixo um artigo do Dr. Pedro Vaz Patto, publicado no jornal «A Voz da Verdade» que provavelmente muitos ainda não leram…

A COPAEC congratula-se e agradece testemunhos que edificam e ajudam a saber ser e estar.

AGPires

            Desta vez, parece que foram mais as manifestações de júbilo do que as de temor que acompanharam a passagem de mais uma etapa do crescimento da população mundial. Foi sobretudo com declarações de boas vindas que se acolheu a criança que se convencionou identificar com o número de oito mil milhões de entre os habitantes deste nosso planeta. Foi até com alguma surpresa que se ouviu tal manifestação de júbilo da parte da diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), organismo que tem pugnado pela limitação drástica do crescimento populacional sem excluir o recurso ao aborto. Mas também é verdade que tal declaração não deixou de ser alvo de críticas.

            São de recordar os tons catastrofistas que desde há cerca de cinquenta anos apontavam o crescimento demográfico como causa da pobreza e até ameaça para a sobrevivência do planeta, na linha das teses de Thomas Malthus, que há mais de cem anos comparava a progressão aritmética do crescimento dos recursos com a progressão geométrica do crescimento da população.

            Esses prognósticos alarmistas não se verificaram e o crescimento exponencial da população nos últimos cinquenta anos não impediu a extraordinária redução da pobreza absoluta. Verificou-se, por outro lado, que o desenvolvimento pode contribuir para que os nascimentos sejam fruto de decisões conscientes e responsáveis sem limitar a liberdade dos casais (ou seja, não é a limitação dos nascimentos que, por si só, causa o desenvolvimento, mas é este que contribui para tal limitação). Se, porém, nessas decisões não entra a generosidade (uma generosidade consciente e responsável) caímos na queda da natalidade que não assegura a renovação das gerações e no envelhecimento das sociedades que afeta hoje os países mais desenvolvidos, com as graves consequências que daí decorrem: um fenómeno não previsto há cinquenta anos, mas que não pode ser hoje ignorado.

Contra as teses inspiradas nas ideias de Malthus, a experiência revela-nos como os recursos não são estáticos e que a inteligência e criatividade humanas contribuem para a sua multiplicação e para o seu melhor aproveitamento.

Também se alerta agora para o impacto do crescimento da população na chamada “pegada ecológica”. Mas, a este propósito, também houve quem salientasse agora como não são os países pobres com maiores taxas de natalidade os que causam maior poluição. O equilíbrio ecológico depende, não tanto do número de pessoas, mas dos modos de produção e dos estilos de vida. É verdadeira a frase de Ghandi citado no discurso que António Guterres proferiu nesta ocasião: «O mundo tem o suficiente para as necessidades de todos – mas não para a ganância de todos».

Nesse discurso, Guterres congratulou-se com o nascimento desta criança número oito bilhões, que considerou fruto «dos avanços científicos e das melhorias da saúde pública e da alimentação». Mas também salientou, corretamente, como tais avanços não têm beneficiado todos por igual, que a pobreza subsiste e que têm crescido as desigualdades.  Dar as boas vindas a esta criança, e a outras que continuam a nascer, há de significar que lhes vai ser proporcionada uma vida digna. Eu acrescento que não pode lamentar-se, como por vezes sucede, o nascimento de crianças em contextos de pobreza (como se elas não fossem bem-vindas e fossem demais), ignorando que fundamental é, antes, combater a pobreza. Não se combate a pobreza evitando que os pobres nasçam. Até porque as culturas de muitos povos atingidos pela pobreza são das que mais valorizam a vida. 

            Por tudo isto, devemos reafirmar a este propósito que a maior riqueza de uma nação e da humanidade são as pessoas. Afirma a constituição do Concílio Vaticano II Gaudium et Spes (n. 24), que o ser humano é a «a única criatura na Terra a ser querida por Deus por si mesma» E cada pessoa é, na expressão várias vezes usada por São João Paulo II, “única e irrepetível”. Afirma, assim, a exortação apostólica Familiaris Consortio (n. 30) que «a Igreja crê firmemente que a vida humana, mesmo que débil e com sofrimento, é sempre um esplêndido dom do Deus de bondade». São estas verdades que nos fazem rejubilar pela vida destes oito mil milhões de pessoas que habitam a nossa casa comum, as quais não são demais.

Pedro Vaz Patto

 

05
Dez22

AS ELITES EUROPEIAS PERDERAM A CABEÇA


Oliveira

Pelo que contém de actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo.

(A. G. Pires)

AO QUALIFICAREM A RÚSSIA COMO “ESTADO TERRORISTA”

Até o cidadão simples se admira pelo facto de o Parlamento Europeu (PE) não saber o significado de Estado ao qualificar a Rússia de “Estado Terrorista”.

Seria impensável que um Parlamento descesse a uma atitude de qualidade intelectual e moral tão baixas...

Estado é o país e as pessoas que nele vivem ligadas pela mesma nacionalidade...

O PE falhou às suas funções de instituição estatal, deixando-se reduzir aqui a um grupo de guerra...

É lastimosa a situação de uma política europeia encurralada (entre USA e Rússia) que se vê na necessidade de reduzir Estados a grupos de guerra em que exércitos armados se opõem entre si; tal atitude desconhece a realidade do Estado que representa povos inteiros ou grupos étnicos em torno de uma Constituição e das instituições constitutivas do mesmo. Esta declaração infeliz equivale a criminalizar um povo para se justificar uma guerra exterminante.

Qualquer cidadão até sem formação política conseguiria notar a fraude em que a política o quer envolver, mas por outro lado o leva a constatar a decadência da classe política europeia: reduzida a mera sacristã dos EUA não revela um saber para além de estudos secundários malfeitos! Declarar um Estado terrorista corresponde a colocá-lo na situação de animal selvagem digno de ser caçado.

Sob o pano de fundo do conflito da organização de uma nova ordem mundial geoestratégica (expressa no conflito Estados Unidos-Rússia na Ucrânia), a declaração do Parlamento Europeu revela o estado populista em que se encontra a política e meios de comunicação social do sistema que tal permitem e que preanunciam grandes problemas especialmente para a Europa...

De futuro o acento da economia e da política terá que ter como ponto central o bem do cidadão também a nível mundial e não tanto o proveito de instituições e seus funcionários...

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8019

MOSCOVO SAÚDOU A PROPOSTA DO VATICANO

PARA CRIAR UMA PLATAFORMA DE NEGOCIAÇÃO

O Kremlin disse na segunda-feira que agradece uma oferta do Vaticano para fornecer uma plataforma de negociação para resolver o conflito na Ucrânia, mas acrescentou que a posição de Kiev torna isso impossível. A InfoCatólica cita o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov: "Claro que saudamos essa vontade política, mas dada a situação de facto e de jure que agora temos do lado ucraniano, essas plataformas não podem ser processadas".

Há dez dias, em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o Papa Francisco reiterou que o Vaticano está disposto a fazer todo o possível para mediar no sentido de acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há mais de nove meses, vários países, incluindo Turquia, Israel e China, apresentaram-se como possíveis mediadores no conflito. Não valeu nada. A guerra continua.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8010

05
Dez22

1.° DE DEZEMBRO


Oliveira

Pelo que contém de actual e oportuno, a COPAAEC propõe para leitura e reflexão mais um artigo do jornalista A. Cunha Justo.

(A. G. Pires)

COMEMORAÇÃO DA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

No tempo em que ainda se faziam revoluções por Portugal, o povo português, no 1.º de dezembro de 1640, derrubou o representante da Espanha em Portugal e aclamou o Duque de Bragança, D. Joao IV como rei de Portugal! Com a passagem da dinastia de Avis para a de Bragança, restabeleceu-se a autonomia política de Portugal (1).

O golpe de Estado pôs fim à união ibérica (1580 - 1640) dos Filipes que tinham desgostado grande parte da população, devido à tentativa espanhola de anulação da independência portuguesa e à tributação exagerada. O conflito ainda se manteve até 13 de fevereiro de 1668, data em que Espanha reconheceu a soberania de Portugal e as suas possessões coloniais. A Restauração não era plenamente assumida devido ao conflito de interesses entre as classes mais ricas e a pequena burguesia/proletariado/camponeses.

A partir daqui o problema continua a ser o de manter a identidade nacional de Portugal, mas que se tem reduzido cada vez mais ao nível dos símbolos. De facto, as elites portuguesas dão a impressão de andarem de férias subsidiadas por países amigos da onça.

A aclamação de D. João IV iniciada com o golpe levou 28 anos a confirmar a restauração! O período da Restauração de Portugal (1640-1668) foi longo porque se tratava de legitimar o afastamento do domínio dos Habsburgos e afirmar o duque de Bragança já antes estimulado pelo cardeal Richelieu a insurgir-se contra os espanhóis. O facto de Filipe III (IV.) decretar a fusão do exército português com o exército espanhol implicava propriamente a absorção da nobreza portuguesa e uma maior ponderação das facções nobres entre elas. Sob o domínio dos Filipes Portugal tinha já perdido Ormuz para os ingleses (1622), e os holandeses tinham conquistado o Ceilão e Malaca, estabelecido no Brasil (1630, Pernambuco) e na África. Depois da aclamação de D. João IV ainda ficou muito trabalho por fazer. A devoção religiosa foi um dos factores da consolidação do inicial golpe de estado.

Na opinião de entendidos, o atraso estrutural de Portugal deve-se à estrutura económica e social do país, às lideranças políticas, à posição de periferia geográfica, à pobreza dos recursos naturais disponíveis e, eu acrescentaria, à tolerância de um povo pacífico e não exigente.

António da Cunha Duarte Justo

Notas em: Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8015

03
Dez22

2.º DOMINGO DO ADVENTO - ANO A


Oliveira

Sugestão da homilia para o segundo Domingo do Advento - ANO A - 2022 

O Messias anunciado por João Baptista

Domingo, 4 de Dezembro de 2022

     A liturgia deste domingo convida-nos a “deixar os valores efémeros e egoístas e aderir aos valores fundamentais do Reino de Deus” (Dehonianos).

  1. O Messias e o baptismo

     Evangelho

     No Evangelho de São Mateus vemos João Batista a dirigir ao povo um chamamento à conversão, para receber o Messias: “Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus” ou reino de Deus. A palavra arrependei-vos significa: convertei-vos, purificai-vos, endireitai os caminhos tortuosos da vida, abri as portas ao Messias.

     Um apelo necessário em nosso tempo: dar acolhimento a Deus no coração de cada pessoa, na família, na sociedade. Deixar a indiferença, abrir o coração à fé.

      No mesmo evangelho vemos João Baptista a dar a motivação das suas palavras dizendo: porque “Está próximo o reino dos Céus”. O que é o Reino dos Céus? É uma forma de vida marcada pela presença de Deus no coração das pessoas, caminhando para uma sociedade com fé em Jesus Cristo; significa viver segundo Jesus Cristo. Esta palavra “reino dos Céus” aparece muitas vezes no Evangelho, como em Mateus, 6, 37: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus”.

       A Carta Encíclica do Papa Francisco: “fratelli tutti”, (Todos Irmãos), faz um apelo “sobre a fraternidade e a amizade Social” (subtítulo na capa). É um aspecto do reino de Deus. Caminho maravilhoso, ainda hoje distante do proposto por João Batista.

     Imaginemos esse profeta, pobremente vestido, sacrificado na alimentação, a baptizar as pessoas, com água do Jordão, e a anunciar o futuro baptismo trazido por Jesus: “Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo”. Este novo baptismo trazido por Jesus faz de nós filhos de Deus.  Como tudo será paraíso, se o reino de Deus estiver em nossa vida. Se assim for, não serão usados drones nem mísseis destruidores.  Desejemos, irmãos uma vida com Deus, porque sem Ele não há vida.  Foi a voz de João Baptista, junto ao rio Jordão.

  1. O Messias e o reino de Deus

      Primeira leitura

      Muito antes de João Baptista, uma outra voz se tinha levantado, pela pregação de Isaías. Este profeta, recordando o paraíso na terra antes do pecado, diz coisas que parecem um sonho: “O lobo viverá com o cordeiro, o bezerro e o leãozinho andarão juntos, o leão comerá feno como o boi”. Será uma utopia? Será um sonho? Mostra um grande desejo para uma vida melhor se a humanidade aceitar o Messias.

        Um pequeno facto de vida: Numa rua de cidade um menino olha através do vidro para uma montra com sapatos. Passa uma senhora. Fala com ele. Entra e compra para o menino uns pares de sapatos…  Depois sai para continuar o seu caminho. O menino corre atrás dela, puxa-lhe pela veste e pergunta: “Você é a esposa de Deus?”. O menino imagina Deus muito Bom: a verdade.

       3. Messias e a salvação

         Segunda leitura

       Assim como o sol e a chuva vêm para todos, assim Deus quer salvar todas as pessoas. Na Carta aos Romanos, São Paulo mostra como Jesus é o Salvador de todos os homens, e parece cantar a música sagrada da fraternidade: “acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu”.

        Irmãos, Deus bate à nossa porta, e a quem lhe abrir a porta, cearão juntos (Ap, 3. 20). Preparação para o Natal.

Pe. António Gonçalves, SDB

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