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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

14
Jul22

ABORTO UM DIREITO FUNDAMENAL NUM DIREITO TORTO


Oliveira

Com a devida vénia, mais uma publicação do nosso prezado jornalista António Justo.

(A. G. Pires)

O Parlamento europeu aprovou uma resolução que pretende ver  o "direito ao aborto" incluído na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. O resultado da votação de 7.07.2022 foi 324 votos a favor e 155 contra.

Embora um direito não implique obrigação, nem dever, o direito ao aborto elevado a direito fundamental, em termos  de Estado, implica o enfraquecimento de outros direitos fundamentais e é uma posição contra a vida que, no meu entender, deveria ser considerada o direito dos direitos!

Que uma pessoa grávida, no seu foro individual, tenha o direito de decisão em consciência é um assunto,  mas que para a sociedade o direito à vida da criança por nascer seja indiferente e o aborto consagrado como direito fundamental, torna-se desumano e antissocial ; que se proteja a saúde e os direitos das mulheres é importantíssimo mas ao questionar-se o direito da criança à vida concede-se aos Estados direitos que não lhes pertencem; já tivemos o exemplo disso nas leis nazis.

É um sinal de decadência quando parlamentos se tornam palcos de guerra de trincheiras ideológicas e pior ainda quando isso surge como reacção à legislação antiaborto dos EUA. O importante não é querer criminalizar o aborto, mas a defesa do direito fundamental da vida (da criança)!

É verdade que a resolução parlamentar não se torna facilmente vinculativa a nível jurídico, porque para isso os Estados-Membros da UE teriam de ser unânimes em aceitar tal lei. Além do mais, um tal direito fundamental põe em risco a reforma dos tratados da EU. Por estas e por outras, os países mais fortes da EU querem revogar na carta da União Europeia o direito de veto a países pequenos. Como se assiste na discussão política de países fortes como a Alemanha e a França, o direito dos mais fortes encontra-se em vias de validação na UE.

A Conferência episcopal alemã declarou que o direito ao aborto "desconsidera completamente a proteção da vida do nascituro e de forma alguma faz justiça à complexidade da situação"(1).

Sobre o assunto ainda: “Dignidade humana e direito à vida” em https://bomdia.eu/dignidade-humana-e-direito-a-vida/  e “Na Época das Contradições o Contrário torna-se habitual”: https://antonio-justo.eu/?p=7021

António da Cunha Duarte Justo

Nota em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7699

07
Jul22

15.º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


Oliveira

Sugestão da homilia para o décimo quinto Domingo do Tempo Comum - ANO C - 2022

Caminho de vida eterna

Domingo, 10 de Julho de 2022

     Irmãs e irmãos, temos na vida assuntos importantes, e o nosso futuro é o maior de todos. As leituras deste domingo convidam-nos a reflectir.

  1. Vida eterna: importância fundamental

     Evangelho

     No texto de São Lucas, vemos um doutor da Lei a perguntar a Jesus: que devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus e o doutor da Lei concordaram na resposta: o caminho consiste em amar a Deus e ao próximo.

          E vemos uma segunda pergunta do doutor da Lei: quem é o meu próximo? Jesus respondeu contando uma parábola. Certo homem ia de Jerusalém para Jericó, uma distância aproximada de 30 quilómetros. Caminho habitual de assaltantes e ladrões. O viajante caiu numa situação destas, que o deixou meio morto na beira do caminho. Passou um sacerdote da Antiga Lei, viu e seguiu o seu caminho; passou um levita, dedicado ao culto no templo, e fez o mesmo. Por que não acudiram ao ferido? Por medo? Pressa? Desinteresse? Não sabemos.

    Passou então um samaritano, habitante da Samaria, um estranho. Foi este que teve misericórdia; adiou os seus interesses, colocou em primeiro lugar a atenção ao ferido. Está aqui a grande resposta de Jesus: a vida eterna passa pelo amor ao próximo, como fez o samaritano. Jesus aconselhou o doutor: “Então vai e faz o mesmo”. Concluímos que é importante pensarmos no caminho para a verdadeira vida: amor a Deus e ao próximo.

  1. Vida eterna: convite a escutar a palavra de Deus

    Primeira leitura

    Moisés convidou o povo a escutar a palavra de Deus: “Escutarás a voz do Senhor teu Deus”. E que nos diz a palavra de Deus? Escutando a palavra de Deus temos sempre a resposta: amar a Deus e ao próximo. Com amor ao próximo manifestamos amor a Deus.

    Peço licença para contar um pequeno exemplo? Estava o menino na rua, em frente de uma montra, a olhar através dos vidros, para os doces do lado de dentro. Passa uma turista, olha para a criança, adivinha o que ela quer; entra na loja, adquire dois ou três croissants, e dá-os ao menino. Depois seguiu o seu caminho. O menino vai atrás dessa pessoa, puxa-lhe pela veste, e pergunta: “Você é Deus”? A criança, no gesto de amor do turista, teve a imagem de Deus.

  1. Vida eterna: Jesus, centro da nossa vida

     Segunda leitura

    A carta de São Paulo aos Colossenses apresenta-nos Jesus como centro da nossa vida. “Ele é cabeça da Igreja que é o seu corpo”.  E se Jesus é tudo para nós, escutamos a sua palavra, fazemos da sua palavra caminho para a nossa vida. Na palavra de Jesus encontramos o amor ao próximo. É preciso que Jesus seja tudo para nós. Por quê? São Paulo considerou: “Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude”. Então, “convém escutá-lo atentamente e fazer do amor a Deus e aos outros uma exigência fundamental da nossa caminhada” (Dehonianos). Vida eterna: Jesus centro da nossa vida.

     Meditamos sobre o caminho para a vida eterna. Por vezes, as preocupações da vida impedem o nosso olhar para o que é mais importante: a vida eterna. Lembramos a reflexão de Jesus: “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? “ (Mt 16,26). É nosso interesse abrir o nosso olhar ao que pode trazer-nos a vida, caminhar pelo seguro, pedir coragem ao Senhor e luz ao Espírito  Santo, e ir criando a civilização do amor.

Pe. António Gonçalves, SDB

07
Jul22

ALGUMAS MULHERES NO AFEGANISTÃO PODEM ESTUDAR ATRAVÉS DE ONLINE


Oliveira

Com a devida vénia, mais uma publicação do nosso prezado jornalista António Justo.

(A. G. Pires)

O programa “Jesuit Worldwide Learning” negociado com os Talibãs nas províncias de Bamyan, Daikindi e Ghor vem permitir que as jovens mulheres continuem os seus cursos online.

Mais de metade dos participantes são mulheres. Elas recolhem as suas tarefas no centro de aprendizagem e estudam em casa. Muitas estão mesmo inscritas em universidades internacionais, tais como a Universidade Católica de Eichstätt.

A revista Kontinente missio 6/7 2022 relata que no programa "cada um ensina um outro", os/as jovens transmitem os seus conhecimentos nas aldeias.

O Padre Peter Balleis SJ, director do programa, sublinha: "Em tempos de escuridão, os jovens precisam de um raio de esperança... e quando as escolas voltarem a abrir, os professores jovens e bem formados estarão já preparados".

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7654

07
Jul22

CIMEIRA DA NATO EM MADRID UM MARCO HISTÓRICO DA HEGEMONIA GLOBAL DOS EUA


Oliveira

Com a devida vénia, mais uma publicação do nosso prezado jornalista António Justo.

(A. G. Pires)

Ponto de viragem na Europa: Venceu a Posição anglo-saxónica

Um Ocidente desafiado por valores russos e valores chineses ou desafiador daqueles, com o Novo Conceito Estratégico da NATO em Madrid (28-30.06.2022), integra-se na mesma estratégia de confrontação que tem fomentado as guerras da história ocidental ao longo do seu passado...

Vivemos no rescaldo de imperialismos e de colonialismos históricos, uma época em que o imperialismo anglo-saxónico se debate com o imperialismo Chinês surgente e com o imperialismo russo que se sente assediado e a virar-se para Ásia. A força asiática revela-se tão forte que amedronta os USA e a Europa e os leva a uma parceria ímpar, como é de concluir das resoluções tomadas na cimeira da NATO em Madrid...

A China e a Rússia ameaçam a hegemonia dominante dos USA e a NATO ameaça o surgir de novas hegemonias...

A Cimeira de Madrid revogou os seus propósitos estratégicos aprovados na Cimeira de Lisboa em 2010 onde se aspirava uma "verdadeira parceria estratégica"(1) com a Rússia.

Na cimeira de Madrid a China passa a fazer parte dos “desafios sistémicos";  na realidade a ameaça comunista que se afirmava nos inícios do séc. XX contra o Ocidente é agora transferida para a China e para a Rússia tida como a "a ameaça mais significativa e directa à segurança dos aliados"(2).

As actividades dos USA na sociedade ucraniana dos últimos 20 anos viram-se coroadas na Cimeira de Madrid ao considerar a Rússia como inimiga declarada e como tal incombinável com a “Europa”. Esta cimeira, em relação à de Lisboa implica uma grande perda para a Europa impedindo-a de se reconciliar entre si (forças da ortodoxia, do catolicismo, e do protestantismo) e de, com o tempo, estabelecer uma parceria com a Rússia no sentido da construção da “casa europeia”. Ganhou a posição anglo-saxónica sem deixar alternativa política para a Europa.

Os objectivos da NATO não são apenas de natureza militar como refere o artigo 49: “A OTAN é indispensável para a segurança euro-atlântica. Garante a nossa paz, liberdade e prosperidade. Como aliados, continuaremos unidos para defender nossa segurança, valores, e estilo de vida democrático”. Além disso alarga o seu raio de acção não só ao Atlântico, mas a todo o mundo...

No ponto 11 nomeia explicitamente a África como centro de possível intervenção...

A ideia e os valores cristãos acompanhantes dos descobrimentos é agora substituída pela ideia secular militar dos valores comuns à NATO:” Nós somos unidos por valores comuns: liberdade individual, direitos humanos, democracia e o Estado de direito” (3).

O ponto 13 da declaração da OTAN poderia interpretar-se como um aviso à Rússia e à China de não expandirem a sua influência no espaço asiático; o documento justifica, já de início uma possível intervenção em Taiwan caso a China tente anexá-lo...

Biden tinha razão ao dizer: "Putin receberá a Natoização da Europa".  Os políticos europeus deixaram-se arrastar para a guerra negligenciando a obrigação de trabalhar em benefício da Europa e das suas populações; em vez disso meteram-se numa guerra que não é sua e sobrecarrega as populações com encargos insuportáveis.

O trajecto da História tem sido determinado pela concorrência e afirmação de poderes; na lógica do poder só o futuro poderá avaliar concretamente das decisões agora tomadas pela NATO.  O Ocidente tem grande responsabilidade no sentido de não se dar início a uma cultura de maior humanização da política e da sociedade. Por enquanto a relação entre povos é determinada pela luta por assegurar o próprio domínio em zonas ricas em matérias primas.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo e notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7672

04
Jul22

PERSEGUIDOS E ESQUECIDOS


Oliveira

Segue abaixo o artigo do Dr. Pedro Vaz Patto, já publicado no jornal Voz da Verdade, mas que a COPAEC transcreve, com a devida vénia para os seus leitores.

Um abraço.

AGPires

De entre os episódios de violência e perseguição contra cristãos, têm vindo em particular evidência nos últimos tempos os ocorridos na Nigéria. No domingo de Pentecostes um ataque a uma igreja no sul do país, na localidade de Owo (Estado de Ondo), vitimou mortalmente cinquenta pessoas. Cerca de duas semanas depois, um novo ataque a uma igreja, esta no Estado de Kaduna, também causou vítimas mortais. Pouco tempo antes desses atentados, uma jovem cristã nigeriana havia sido lapidada e queimada viva por causa da sua fé. Não se trata de casos isolados, estamos perante uma perseguição sistemática, com motivações diversas (o terrorismo de matriz islâmica, conflitos étnico-sociais, banditismo), mas inegavelmente dirigida aos cristãos enquanto tais. Estas perseguição, porém, como tem sucedido noutros lugares e ao longo da história, não conduz ao esmorecimento da fé: apesar dos riscos que correm, a frequência da eucaristia entre os católicos da Nigéria de longe supera a dos europeus.

Estas perseguições não têm recebido, porém, a merecida atenção da parte das mais influentes instâncias políticas. Comentando as omissões e reservas do Parlamento europeu a este respeito (este tem recusado até algumas propostas de condenação deste tipo de atentados e perseguições), o eurodeputado francês François-Xavier Bellamy falou de «um silêncio que nos envergonha» (www.famillechrétienne, 10/6/2022).

O que se diz da perseguição aos cristãos nigerianos, poderá dizer-se dessa perseguição no Iraque e na Síria (países onde a presença histórica dos cristãos corre o risco de desaparecer), na China, na Índia, no Paquistão e noutros países.

Na verdade, às questões ligadas à defesa da liberdade religiosa o Parlamento europeu não tem dado a devida importância. Isso mesmo me disse há dias o responsável europeu da Associação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa, o português Paulo Macedo. Desde há vários meses se aguarda a nomeação de um representante especial da União Europeia para a defesa dessa liberdade. O Parlamento europeu também recusou a proposta de declaração de um dia dedicado à liberdade religiosa, como se verifica em Portugal (onde se associam a liberdade religiosa e o diálogo inter-religioso). Tudo isto contribui para a desilusão de quem gostaria de ver a União Europeia na vanguarda da promoção internacional dos direitos humanos. No que à liberdade religiosa diz respeito, fica muito atrás do empenho do governo norte-americano.

Para tentar justificar os silêncios do Parlamento europeu a este respeito, tem-se dito que estas condenações da perseguição aos cristãos, muitas vezes em países de tradição islâmica ou motivadas por certas formas de fundamentalismo islâmico, poderão alimentar o chamado “conflito de civilizações” que se quer evitar.

Penso que se trata de uma justificação sem qualquer fundamento.

A condenação da perseguição aos cristãos justifica-se em nome do valor universal da liberdade religiosa. Vale para cristãos e muçulmanos. Vale também para muçulmanos perseguidos pela sua fé, como os uigures na China, vítimas de uma perseguição severíssima e também em grande medida esquecida porque não se quer enfrentar uma grande potência económica e política. A liberdade religiosa vale para todos, maiorias e minorias, os cristãos que são maioria nuns países e minoria noutros, os muçulmanos que são maioria nuns países e minoria noutros.

A invocação do Islão como motivo de perseguição aos cristãos tem recebido claro repúdio dos mais autorizados dirigentes islâmicos e deveria ser dado mais relevo a essas vozes (que também deveriam procurar falar mais alto, deve dizer-se).

O autêntico e frutuoso diálogo inter-religioso, e, mais do que um diálogo de ideias, a amizade e cooperação entre pessoas de diferentes religiões, não podem deixar de ter como primeiro pressuposto o respeito mútuo pela liberdade religiosa. Por isso, é significativo que tenha sido decretado entre nós, pela Assembleia da República, o dia 22 de junho (dia da publicação da lei da liberdade religiosa) como dia nacional da liberdade religiosa e do diálogo inter-religioso.

Pedro Vaz Patto

04
Jul22

Congresso Popular Sobre Direitos e Liberdades Fundamentais - Apresentação das Conclusões!

(4-Julho, 16h00)


Oliveira

Esta segunda-feira, 4 de Julho, às horas e no sitio abaixo indicado.

Apresentação das Conclusões 

A organização do Congresso Popular Sobre Direitos e Liberdades Fundamentais, que decorreu nos passados dias 10, 11 e 12 de Junho, em Viana do Castelo, tal como prometido, vai apresentar e tornar públicas as conclusões do Congresso, em conferência de imprensa a realizar na próxima segunda-feira, no hotel Altis Belém (Sala Bom Sucesso), à Doca do Bom Sucesso 1400-038 Lisboa. 

O início da sessão será às 16h00, é aberta ao público, em particular à comunicação social, mas limitada à lotação da sala. 

Viana do Castelo, 30 de Junho de 2022. 

--

Com os melhores cumprimentos,

 

Equipa de organização do evento:

Artur Mesquita Guimarães, Cibelli Almeida, Glória Miranda, Jerónimo Fernandes, Maria Helena Costa e Paula Veiga

02
Jul22

AS ARMAS E A VIDA


Oliveira

Segue abaixo o artigo do Dr. Pedro Vaz Patto, já publicado no jornal Voz da Verdade, mas que a COPAEC transcreve, com a devida vénia para os seus leitores.

Um abraço.

AGPires

Mais um massacre provocado por um tiroteio numa escola básica de uma pequena localidade do Texas (com a morte de dezanove crianças e duas professoras) veio relançar, mais uma vez, a discussão sobre o controlo da venda e posse de armas nos Estados Unidos, onde continua a prevalecer a tese de que essa posse é um direito fundamental de cada cidadão, essencial para a sua defesa. Uma prevalência a que não é alheia a pressão interesseira do lóbi dos vendedores de armas.

Como também noutras ocasiões, há quem diga que o verdeiro problema não reside na posse das armas, mas nas pessoas que as utilizam e que, mais do que a questão do acesso às armas, há que analisar e enfrentar aquilo que leva jovens e adultos a provocar estes trágicos massacres. É verdade que a questão não reside apenas no acesso às armas e que por detrás destas atitudes há fenómenos de crise de valores, de doença mental, de desestruturação familiar e de desinserção social que devem ser tidos em conta para enfrentar o problema na sua raiz.

Mas a facilidade do acesso às armas, por si só, constitui fator determinante para a ocorrência destes tiroteios. Todos esses problemas poderiam originar desfechos menos trágicos do que estes, poderiam não provocar mortes se não fosse essa facilidade de acesso.   

  Quando se discute esta questão da maior ou menor facilidade de acesso à posse de armas, e do mais ou menos restritivo regime legal desse acesso, não posso deixar de recordar vários casos com que lidei ao longo da minha carreira de juiz. Casos em que só o acesso a uma arma poderá explicar o seu desfecho trágico de perda de vida humanas. Nem a gravidade do conflito em causa, nem a personalidade do agente do crime o poderiam explicar. Recordo bem o caso de um homicídio originado por uma banal discussão de trânsito em que o homicida, profundamente arrependido logo após a prática do crime, aceitou sem qualquer contestação a sua prisão. Se não fosse o acesso a uma arma, dessa discussão não teria resultado mais do que um par de bofetadas sem graves consequências. Nem a natureza do conflito, nem a personalidade dos intervenientes, conduziriam a tão trágico desfecho. Como este, outros casos ocorrem com frequência.

Tive ocasião de partilhar esta minha modesta experiência numa audição parlamentar em que, em representação da Comissão Nacional Justiça e Paz, defendi alterações legislativas num sentido de maiores restrições à posse de armas, que transpunham normas europeias e vieram a ser aprovadas. Estava sozinho diante de muitos e variados grupos de pressão que se opunham a essas maiores restrições. Devo dizer, em abono da verdade, que nenhum desses grupos advogava um regime semelhante aos dos Estados Unidos, mas, mesmo assim, algumas pessoas desses grupos não afastavam a ideia de que o maior acesso às armas é um fator de segurança.

Ora, verifica-se precisamente o contrário. É o que revela a experiência dos Estados Unidos e de outros países (o México, a Venezuela e o Brasil) que seguem regime igualmente permissivos: a proliferação de armas não contribui para uma maior segurança, pelo contrário. A insegurança de qualquer desses países contrasta com a situação que experimentamos em Portugal, e na Europa em geral, com regimes mais restritivos.

Invocam os partidários do regime norte-americano as necessidades de defesa dos cidadãos. As armas seriam um instrumento necessário para garantir esse legítimo direito de defesa. Mas elas tanto podem ser usadas para defesa como para a agressão. Nada pode garantir que não o sejam. E também podem facilitar o chamado “excesso de legítima defesa”, uma defesa desproporcionada, que não justifica o uso de instrumentos que causam a morte do agressor quando não está em risco a vida da pessoa agredida e outros meios poderiam ser suficientes para repelir a agressão.

Na linha desta tese de necessidade de armas como meio de defesa, até há quem argumente que massacres como o desta escola do Texas poderiam ser evitados se os professores possuíssem armas para se defenderem. Uma tese absurda, que levaria a um círculo vicioso, a uma espiral imparável de difusão de mais e mais armas.

Em causa está uma perspetiva de absolutização da liberdade individual e da propriedade privada. Acima desses valores está, porém o da vida humana. É a proteção da vida humana que justifica restrições à posse de armas, pelo perigo que representam.  Há que dar prevalência a essa proteção de uma forma global e coerente, igualmente vigorosa, em todas as fases da vida, desde o seu início ao seu fim, e perante todas as ameaças e ataques que a atingem.

Pedro Vaz Patto.

02
Jul22

14.º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


Oliveira

Sugestão da homilia para o décimo quarto Domingo do Tempo Comum - ANO C - 2022

O discípulo de Jesus é enviado

Domingo, 3 de Julho de 2022

  1. Discípulos: enviados por Jesus

      Evangelho

     O evangelho de Lucas é uma página muito apelativa à evangelização. Jesus envia 72 discípulos, para evangelizarem as cidades e lugares onde Ele iria depois. Os discípulos partiram a evangelizar, e passado algum tempo regressaram felizes e contaram o que tinham feito. Jesus apoiou-os: “Os vossos nomes estão escritos no céu”.

     Hoje o Senhor continua a enviar os seus discípulos, todos os cristãos; a Igreja precisa de mensageiros da Boa Nova, do Evangelho. Jesus aconselhou: “Pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua ceara” (Lc 10,2).

      A comunidade tem evangelizadores leigos, que prestam auxílios: em trabalhos da igreja: na limpeza, nos arranjos,  nos grupos corais, nas organizações, nas visitas a doentes, nas catequeses…  Na Eucaristia, a seguir à Consagração, rezamos: “Lembrai-vos, Senhor, da vossa Igreja…e de todos aqueles que estão ao serviço do vosso povo”. Isto é de algum modo, o discípulo enviado.

 

  1. Discípulos aceitam a cruz

      A segunda leitura é da Carta de Paulo aos Gálatas. A comunidade da Galácia, Turquia, estava em crise doutrinal, entre cristãos vindos dos judeus e cristãos vindos dos pagãos. Paulo desdobra-se afincadamente em orientar a comunidade, dizendo: “Com Jesus começamos uma vida nova”. E Paulo sofreu muito, ao fazer esta evangelização. Diz ele: «eu trago em mim os estigmas de Cristo”, as feridas nas mãos e nos pés, que seriam não feridas físicas, mas o sofrimento dos maus tratos na evangelização.

      Nós temos a mesma missão como discípulos enviados a evangelizar. «Igrejas com as portas abertas» (Francisco, Evangelii Gaudium, n. 46).

   Neste momento precisamos de evangelizar a família, que deve ser Igreja doméstica. Muitos documentos da Igreja explicam esta riqueza da verdadeira família, de pai, mãe e filhos: o Catecismo da Igreja Católica dá-nos os números de 1655 a 1658 sobre esta pequena igreja que é a família. E São Paulo deixa-nos esta grande abertura de pensamento: “amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja” (Ef 5, 25-32). E também pede à esposa a união com o marido.

     Os pais podem abençoar os filhos. A bênção o que é? “É colocar a mão de Deus sobre nós”. É bom  os filhos pedirem a bênção aos pais. Tudo isto é evangelizar. Irmãos, o Senhor chama-nos a ser discípulos evangelizadores.

  1. Discípulos trazem a paz.

     Primeira leitura

     Podemos olhar para Isaías, na primeira leitura, e ver a alegria que ele sente como profeta da paz. Diz o Senhor, pela boca do profeta: ”Farei correr para Jerusalém a paz como um rio”. A página é muito bela, e narra a alegria do povo no regresso do exílio na Babilónio. Sentimos o amor de Deus para com esse povo, como a mãe acarinha um filhinho ao colo. Imagem usada por Isaías, a revelar o coração de Deus: “Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos” (Is 66,12).  

     A evangelização traz este clima de união do povo com Deus. Nós somos enviados para o mesmo fim. Como à volta do profeta havia paz, júbilo, assim deve haver paz à volta do cristão, enviado por Deus, na sua vocação de discípulo.

Pe. António Gonçalves, SDB

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