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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

08
Abr22

DOMINGO DE RAMOS - Ano C


Oliveira

Proposta de Homilia para o Domingo de Ramos – ANO C - 2022

Ramos na Paixão do Senhor

Domingo, 10 de Abril de 2022

     Irmãos, podemos perguntar o que significa para nós o julgamento de Jesus no tribunal de Pilatos; a via-sacra para o Calvário; a sua morte na Cruz.

     Paixão de Jesus: vida feita dom

     Jesus disse: “ninguém me tira a vida; sou Eu que a dou” (Jo 10, 10-18). A Paixão do Senhor é o ponto alto da sua vida, do seu amor.

     Várias pessoas acompanharam Jesus no seu caminho para o Calvário, e algumas permaneceram junto à cruz. Compreenderam que “não há maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos (Jo 15,13). Diz assim o Papa Francisco: “Os seus braços abertos na Cruz são o sinal mais precioso de um amigo capaz de chegar até ao extremo” (Franciscus, Cristo vive, n. 118)

     Esse amor não guarda nada para si. Passou a vida fazendo o bem, e agora faz o bem supremo: entrega a vida por mim, por ti… Para nos libertar.

    Uma vez disse Jesus na sinagoga: “O Senhor enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a sarar os corações feridos, a libertar os oprimidos” (Lc  4, 18). Isto nos diz que Deus não exclui ninguém. Que é amor para todos, mesmo para os pecadores.

     Paixão de Jesus: ajudado por Simão de Cirene

     Jesus recebeu ajuda de Simão de Cirene, para levar a cruz.… É o que nós queremos fazer: ajudar Jesus a levar a cruz, ajudando os irmãos, limpando o rosto de Jesus nos pobres e nos que sofrem. 

     Paixão de Jesus: supremo amor para connosco

     Sobre isto meditou um santo dizendo: Jesus sofreu uma morte; se lhe pedissem para sofrer mil, teria amor para isso; sofreu por todas as pessoas do mundo; mas se lhe pedissem que sofresse pela salvação de um só, teria amor para isso; esteve três horas na cruz; mas se lhe pedissem para estar até ao dia do juízo, teria amor para isso. E vejamos a conclusão: Sofreu muito, mas amou mais[1]. “Crer no Filho crucificado significa crer em que o amor está presente no mundo[2] .

     Jesus passou a vida fazendo o bem. E no fim, rezou: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. O horizonte do seu amor infinito. Nossa esperança.

Pe. António Gonçalves, SDB

[1] Afonso Maria de Ligório, Prática de amar a Jesus Cristo, p19

[2] W  Kasper, A Misericórdia, p. 104).

 

06
Abr22

PREPARAR A SEMANA SANTA


Oliveira

Partilho o texto da meditação de ontem, terça-feira para a meditação e oração do terço, do Cardeal José Tolentino de Mendonça, enviado pelo Ir. Manuel Silva.

(A. Oliveira)

Ensina-nos, Senhor, a acolher-Te em todos os momentos, conscientes da Tua presença que chega até nós no surpreendente e no habitual, no grandioso e no simples, no que nos pertence e no que é dos outros.

Ensina-nos a valorizar tudo como possibilidade de encontro Contigo. Que não desperdicemos nada, mesmo o que é imperfeito, difícil, inconcludente. Que não escolhamos a realidade onde Te encontraremos, mas que nos sintamos escolhidos.

Ensina-nos a fazer da nossa vida hospitalidade a Deus que vive a nosso lado: o Deus estacionado ao relento, o Deus a arder de sede, o Deus faminto, o Deus pobre, o Deus prisioneiro, o Deus refugiado, o Deus que se dá assim a ver nos nossos irmãos. Esse Deus do qual nos fala Jesus no famoso discurso do Evangelho de Mateus.

Ensina-nos a reconhecer-Te próximo, numa vizinhança que pode até ser incómoda e escandalosa, porque o Deus transcendente aceita afinal revelar-Se não só no que é tangível, mas inclusive no que é disforme, acusado, rejeitado e sem beleza.

 Que o reconhecimento de Deus na carne sofrida do mundo e da humanidade, nas contradições da hora presente, na angústia e na escassez que nos feremtambém nos prepare para seguir Jesus em cada etapa da Semana Santa que estamos para iniciar.

Cardeal José Tolentino de Mendonça

5.04.2022

02
Abr22

CULTURA DE PAZ E GUERRA DA UCRÂNIA


Oliveira

Segue abaixo o artigo do Dr. Pedro Vaz Patto, já publicado no jornal Voz da Verdade, mas que a COPAEC transcreve, com a devida vénia para os seus leitores.

Um abraço.

AGPires

            Difundir uma cultura de paz é, naturalmente, missão essencial das comissões Justiça e Paz. As comissões europeias programaram para este ano uma ação concertada que tinha por tema, precisamente, a construção de uma nova cultura de paz à luz da encíclica Fratelli tutti. Nessa ação incluem-se propostas no sentido do desarmamento multilateral, na linha do que também vem sendo proposto pelo Papa Francisco, que sugere a criação de um fundo mundial para combater a fome com recursos poupados com esse desarmamento.

            Poucos dias antes da data em que estava programado o lançamento dessa campanha, teve início a invasão da Ucrânia. Foi imediata a reação de condenação dessa invasão por parte das comissões Justiça e Paz europeias, que também manifestaram a sua solidariedade para com o povo ucraniano. Nessa linha, contactaram responsáveis da Igreja Católica na Ucrânia. Estes, tal como representantes de outras denominações cristãs, pediram que essa solidariedade se traduzisse no envio de armas para defesa da independência da sua nação, que, diziam, é também a defesa da democracia e da liberdade em toda a Europa. Pugnaram até pelo estabelecimento de uma zona de exclusão aérea como o único modo eficaz de travar a ofensiva russa.

            De entre os representantes das comissões justiça e paz europeias não surgiram dúvidas sobre a legitimidade da defesa armada por parte do povo ucraniano. A legitimidade do recurso à força neste tipo de situações, como último recurso. é afirmada pela doutrina da Igreja e foi reafirmada pela Fratelli tutti. Neste caso, também é evidente que os esforços de prévia negociação diplomática foram gorados, desde logo pela postura do governo russo, que negou na prática as suas afirmações iniciais de que não estava nos seus planos a invasão da Ucrânia.

            Poderá, então, pensar-se que deixa de ter sentido, neste contexto tão diferente daquele que antecedeu esta guerra, difundir uma cultura de paz e fazer propostas no sentido do desarmamento. Estou certo de que não e de que as comissões justiça e paz, solidárias com a defesa do povo ucraniano, têm, neste contexto, algo mais a dizer, de específico, precisamente no sentido da construção dessa cultura.

            Há que salientar, antes de mais, que a guerra é sempre um mal que também causa vítimas entre os agressores. Não pode ser motivo de celebração o número de soldados inimigos mortos, desde logo porque muitos destes não tinham alternativa ao serviço militar.

            Há que recordar que a doutrina da Igreja considera também condição de legitimidade de uma guerra defensiva que os danos causados por essa guerra não sejam superiores aos que com ela se quer evitar (aqui se incluindo os efeitos que a cedência a uma agressão pode ter como incentivo a agressões futuras). É algo que dever ser tido em conta quando se avalia o risco de a guerra se estender a outras nações e dar origem a uma terceira guerra mundial, até com eventual uso de armas nucleares. E tal critério também deve ser tido em conta em negociações para pôr termo ao conflito: transigir nalguns aspetos, sem que tal signifique premiar o agressor, pode ser o preço a pagar para alcançar a paz e evitar danos ainda maiores.

            Se a ocupação se consumar, há formas de resistência não violenta, como a recusa sistemática de colaboração com as forças ocupantes, que podem ser alternativa à resistência armada. Essas forças ocupantes poderão prender quem lhes desobedece, centenas ou milhares de pessoas, dificilmente o farão se forem milhões a desobedecer.

            Mais amplamente, é de evocar a difusão de uma cultura de paz ao conceber a nova ordem internacional saída desta guerra. A este respeito, a ideia que hoje predomina é a do reforço das despesas militares, de uma nova ordem internacional assente numa ainda maior desconfiança mútua, segundo o velho adágio “se queres a paz, prepara a guerra”. Se for assim, poucas hipóteses de aceitação terão as propostas de desarmamento do Papa Francisco.

            Não tem que ser assim, porém. Depois da Segunda Guerra Mundial, colhendo as lições da mesma e para evitar que um semelhante flagelo viesse a repetir-se, surgiram as Nações Unidas e a sua Carta e a União Europeia, que permitiram largos períodos de paz, como a história anterior não tinha experimentado (e que a atual guerra veio surpreendentemente quebrar). Desta guerra há que colher também novas lições, e fazer com que se progrida, e não regrida, no caminho da paz.

            Uma dessas lições é, precisamente, a da necessidade de superar o perigoso equilíbrio que se baseia na dissuasão. Esta guerra mostrou de novo o perigo que representa a simples possibilidade de uso de armas nucleares, porque nunca pode em absoluto confiar-se na sensatez de quem possa tomar uma decisão dessas. Por isso, não deixa de ter sentido aspirar à eliminação total (não certamente de forma unilateral) das armas nucleares, como tem sido propugnado pelo Papa Francisco.

            Uma paz assente na confiança mútua supõe um consenso universal, ou mais alargado, sobre o valor dos direitos humanos, das pessoas e dos povos. Viu-se que (ao contrário do que muitos pensavam) tal não resulta automaticamente da globalização económica e dos laços de interdependência por esta criados. Parece que tal não é possível com o regime político que hoje vigora na Rússia. Mas tal regime pode cair, como caiu, por vias pacíficas, o comunismo. As culturas não são estáticas, a Oriente e Ocidente. Apesar de tradições diferentes quanto à organização do Estado e das relações entre a Igreja e o Estado, as raízes culturais cristãs, que conduzem ao reconhecimento da dignidade da pessoa humana, são comuns à Europa e à Rússia. São João Paulo II falava da “Europa do Atlântico aos Urais”, nela incluindo, pois, a Rússia

            Será esta a via a seguir para construir uma nova ordem internacional à luz de uma cultura de paz colhendo as lições da guerra da Ucrânia.

Pedro Vaz Patto  

02
Abr22

5.º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C


Oliveira

Proposta de Homilia para o 5.º Domingo da Quaresma – ANO C - 2022

Deus libertador, dignidade da pessoa

Domingo, 3 de Abril de 2022

     Irmãos, há uma canção que diz assim: “Amigo, estou aqui” (do filme Toy Story). Uma palavra que nos faz bem, quando passamos um momento difícil. Deus é o amigo sempre presente.

  1. Deus libertador do povo

     Primeira leitura

     Isaías dá-nos conta do povo de Israel oprimido na Babilónia, (587-538), e diz em nome de Deus: “faço algo de novo… Abrirei no deserto uma estrada, farei surgir rios nas estepes…”. Deus declara-se a favor dos seus filhos, para os salvar, e parece dizer, como a canção: “Amigo, estou aqui”. Deus abre uma janela de esperança, anunciando a libertação do povo. Deus libertador.

     Todos queremos que cessem as situações de opressão que estavam na Babilónia. Deus quer a nossa libertação. Há muitas pessoas que trabalham com amor para a libertação de irmãos, como podemos ver na situação guerra.

  1. Deus libertador da pessoa

     Evangelho

     Recordamos as personagens da narrativa evangélica: uma mulher, os fariseus, Jesus.

     Uma mulher: envergonhada, com a cabeça baixa, a cobrir o rosto com as mãos, acusada pelos fariseus. É triste ser humilhado em público.   

     Os fariseus: agarram-se friamente à lei, com dureza de coração; têm pedras nas mãos; colocam armadilha a Jesus, para que se pronuncie sobre uma mulher que transgrediu as regras do casamento.

      Jesus, em silêncio, dá tempo à reflexão. E pronuncia a sua misericórdia: atire a primeira pedra quem não tem pecado algum.

     Que aconteceu perante Jesus? Os acossadores deixaram cair as pedras ao chão, e foram-se afastando.

     Em cena ficou só a mulher, talvez de joelhos, ao pé de Jesus, que tem outro valor a defender: o valor da própria mulher e da vida. E de Jesus veio a palavra libertadora: mulher, ninguém te condenou; Eu não te condeno; vai e não voltes a pecar.

     Aqui  podemos fazer um aceno à pena de morte, que foi abolida em muitos países, e em Portugal,  o primeiro país da Europa a abolir essa pena. O papa Francisco pediu no dia 21 de fevereiro 2016: “apelo à consciência dos governantes a fim de se chegar a um consenso internacional, para abolir a pena de morte” (Aleteia, 24.02.2016). Com a execução da pena de morte tira-se ao transgressor a hipótese de se corrigir. E o catecismo da Igreja católica usa esta expressão: “A pena de morte é inadmissível” (Catecismo 2267, reformulado).

     Nós não devemos atirar pedras, noutro sentido: pedras de críticas, de afrontas, de vinganças…

  1. Deus libertador por Jesus Cristo

     Segunda leitura

     Irmãos, o apóstolo Paulo sente-se feliz falando de “o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor”. Depois desse encontro, nada mais lhe interessa no mundo. O que ele quer é lançar-se para a frente, correr para a meta, em vista do prémio que Deus lhe dará.

      Irmãos, «Cristo vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão são estas: Ele vive e quer-te vivo!» (Papa Francisco, Cristo vive n. 1). A nossa reflexão deste domingo: Deus libertador, e a dignidade da pessoa. Ámen.

Pe. António Gonçalves, SDB

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