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CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

Espaço aberto a comunicações de antigos alunos do ensino católico em Portugal.

CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE ANTIGOS/AS ALUNOS/AS DO ENSINO CATÓLICO

12
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade

Novas sugestões de leitura


Oliveira

Dos ricos conteúdos do site do SNPC, respigamos, com a devida vénia o que segue:

(A. G. Pires)

Papa volta a aparecer em público, e parece que não se passou nada [Vídeo]

O papa voltou a aparecer hoje em público, a partir da clínica Gemelli, em Roma, onde foi internado no passado domingo para uma intervenção cirúrgica ao cólon, mas dada a aparência, vivacidade e boa disposição, deu a impressão que não se passou nada nestes oito dias. Nas palavras anteriores à oração, Francisco, que na varanda, junto a si, tinha algumas crianças hospitalizadas na unidade de oncologia pediátrica da mesma policlínica, sublinhou a importância dos serviços de saúde gratuitos e agradeceu o apoio recebido: «Senti a vossa proximidade e amparo das vossas orações. Obrigado de coração».

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Mais Cultura (1) [Vídeo]

Teatro com novas encenações, projetos e a escolha de Tiago Rodrigues para Avignon, obras de qualificação numa igreja românica, os vinte anos do aniversário do Museu da Tapeçaria, os prémios Play com Dino d’Santiago e o alerta de Manuela Azevedo para a sobrevivência de muitos trabalhadores do setor da cultura, e concertos de Tiago Bettencourt ao longo do Caminho de Santiago são algumas das notícias em destaque nesta síntese da atividade no mundo das artes.

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Mais Cultura (2) [Vídeo]

O comboio a inspirar festival de artes no interior, a música que regressa às portas do São Carlos, a Feira do Livro em Braga, a morte de Esther Bejarano, testemunha de Auschwitz, e de Vasco de Castro, figura de topo do desenho de humor, o Festival dos Canais, Bordalo e o espírito crítico, as dificuldades no Museu Nacional de Arte Antiga, o cinema a denunciar o racismo e o país que continua a recuperar o seu património levado para o estrangeiro.

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10
Jul21

15.º DOMINGO do TEMPO COMUM - Ano B


Oliveira

Proposta de Homilia para o 15.º Domingo do Tempo Comum – ANO B - 2021

Enviados a anunciar

Domingo, 11 de Julho de 2021

       Irmãos, Deus quer precisar de nós, para anunciar o seu reino. Aceitamos o seu convite?

  1. Os Apóstolo sofrem oposição

     Primeira leitura

     Nesta primeira leitura vemos o profeta Amós, chamado por Deus: “Vai, profeta, ao meu povo”. Amós sentiu que Deus o chamou. Obedeceu e caminhou para a sua missão: anunciar o reino de Deus. Porém, encontrou um obstáculo: o sacerdote Amasias causou-lhe esta oposição: “Vai-te daqui…Não continues a profetizar aqui, em Betel”. Que fez o profeta? Sentindo que foi Deus a chamá-lo, manteve-se firme, e continuou a sua missão de profeta.  

     Cada um de nós pode considerar-se profeta chamado por Deus. Cada cristão é considerado “profeta de Deus” (1 Pd 2, 5).

      E quem anuncia o reino de Deus, na Verdade e na Justiça, conta igualmente com a contradição, e até com a perseguição. O Papa tem dito que no nosso tempo há mais mártires do que no começo da Igreja. O bispo Óscar Romero, em 1980; o pastor Luther King, em 1929; padre Jaques Hamel, em 2016, e a perseguição contra a Igreja e a família através de leis de governantes. O caso do profeta Amós chama-nos à nossa identidade como profetas anunciadores de Deus, hoje.

  1. Os Apóstolos chamados e enviados por Jesus.

     Evangelho

     Olhando para o texto de São Marcos vemos que “Jesus chamou os doze apóstolos, e começou a enviá-los”: Pedro e André, Tiago e João, Filipe e Bartolomeu, … Jesus enviou-os dois a dois. O que estava no coração de Cristo ao começar a sua Igreja? Estava um desejo de comunhão. A Igreja é comunhão, assim como Deus é comunhão nas três pessoas divinas. Um Deus Trindade é um Deus de amor, de comunhão: Pai, Filho, Espírito. A Igreja comunhão.

    Diz-nos São Marcos: Jesus enviou os apóstolos a expulsar os demónios, a ajudarem os doentes, a ensinarem o que ouviram de Jesus. Expulsar os demónios pode significar: expulsar a maldade, a corrução, a vingança, a mentira… Para formarem o Reino Novo de Jesus, baseado na fraternidade universal; a ser um com Ele. Este era o programa de Jesus para a sua Igreja. Comunhão, fraternidade, paz, amor, vida nova, vida eterna já aqui na terra. Enviou-os dois a dois.

  1. Os Apóstolos enviados a criar um mundo novo

      Segunda leitura

      A segunda leitura maravilha-nos. São Paulo, na Carta aos Efésios, mostra-nos o amor eterno de Deus por nós. “N’Ele nos escolheu antes da criação do mundo”. É uma forma de chamamento: chamou-nos, escolheu-nos, antes de criar o mundo. Pensou em nós, amou-nos; pensa em nós, ama-nos.

     Depois de os Apóstolos apareceram outros apóstolos ou santos. Lembramos um que é padroeiro da Europa, São Bento. Este santo tem um santuário muito concorrido no Norte do País, junto ao Gerês. Ele era de família nobre. Estudou em Roma. Viu que o ambiente mundano não correspondia ao projecto de Deus, de fazer um mundo novo de justiça, fraternidade, vida nova, vida eterna já aqui na terra. Viveu alguns anos como ermita, isto é, sozinho. Depois, outros se juntaram a ele: começou a vida de cenobitas, isto é, de comunidades. Os beneditinos evangelizaram a Europa, com o lema “Ora et Labora”: Trabalho e Oração. Pio XII chamou São Bento Pai da Europa. Paulo VI declarou-o Padroeiro da Europa. Um exemplo de fidelidade a Deus que chama e envia.

     Sintamos a alegria de ser chamados por Deus a ser apóstolos, e a evangelizar. São Paulo exclamou: “Ai de mim se não evangelizar” (1 Cor 9, 16). E perante a sua dificuldade, ouviu a voz de Deus: “basta-te a minha graça” (2 Cor 12, 9).

     Isto, para que o mundo seja novo no amor e na fé. A Fé pertence aos dons de Deus, mas para ajudar a sua transmissão é preciso apóstolos, evangelizadores, profetas: todos os baptizados.

P. António Gonçalves, SDB

10
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade

Novas sugestões de leitura


Oliveira

Dos ricos conteúdos do site do SNPC, respigamos, com a devida vénia o que segue:

(A. G. Pires)

Os dias do tempo : 9.7.2021 [Imagem+Vídeo]

«Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo»: Palavras, imagens e música para dar sentido às horas desta sexta-feira.

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Roberto Mancini, fé, Fátima, futebol: «Estou convicto de que quem reza é ajudado por Deus»

«Acreditas nas aparições de Nossa Senhora em Mediugorje?». E ele, com olhos brilhantes de emoção, mas sem incerteza alguma na voz, responde: «Acredito. Sim, acredito». Por diversas ocasiões declarou: «A fé ajudou-me muito na vida, não no trabalho, porque acredito que o Senhor e a Nossa Senhora têm coisas bem mais importantes a resolver. No entanto, estou convicto de que quem reza com fé recebe uma ajuda».

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O que nos ensinou Rossellini com o seu “Francisco”? [Vídeo]

«Através desta obra o realizador aprofundou o sentido sério e religioso da vida que está nos seus filmes, convidando-nos a descobrir o divino que está no ser humano e que pode revelar-se na pequena ação», escreveu um dos maiores críticos cinematográficos do tempo. Este é o segredo do filme. E foi o que o próprio S. Francisco nos ensinou.

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Planos pastorais há muitos, acertar na prioridade é que tem sido difícil

Para Jesus, o testemunho de vida é mais decisivo que o testemunho da palavra, ainda que não tenhamos ainda compreendido isto. Nos últimos trinta anos falámos e falámos de evangelização, de nova evangelização, de missão – não há encontro eclesial que não trate destes temas –, mas dedicámos pouca atenção ao “como” se vive aquilo que se prega. Estamos sempre empenhados em procurar como se prega, detendo-nos no estilo, na linguagem, em elementos de comunicação, sempre empenhados em procurar novos conteúdos da palavra, mas negligenciámos o testemunho da vida. Os resultados são legíveis, sob a marca da esterilidade.

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Papa Francisco celebrou Missa e no domingo prevê rezar o Angelus do hospital [Imagens]

O «leve episódio febril» que na noite de ontem atingiu o papa, durante o internamento na Policlínica Gemelli, em Roma, onde no domingo foi submetido a uma operação no cólon, não voltou a repetir-se, anunciou hoje a Sala de Imprensa da Santa Sé. Francisco leu, trabalhou e fez caminhadas, passando «um dia tranquilo, com um decurso clínico normal», refere a mesma fonte, acrescentando que «continuou a alimentar-se regularmente e prosseguiu os tratamentos programados».

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Cardeal Tolentino inaugura biblioteca monástica

«É habitual ouvir sintetizar a proposta de vida da Regra de S. Bento no moto “ora et labora”. Em contexto beneditino, está porém há muito estabelecido o uso de uma versão mais completa, que respeita mormente os ensinamentos da Regra: “ora et labora et lege”. Para indicar como também o estudo, a cultura, fazem parte integrante da vida monástica.» É com estas palavras que o superior do mosteiro de Camaldoli, na Toscânia, 250 km a norte de Roma, anuncia, para domingo, a inauguração da biblioteca monacal, que contará com a participação do responsável pela Biblioteca e Arquivo Apostólicos do Vaticano.

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Monjas falam às crianças (e adultos) da sua vocação e vida diária com figuras Playmobil [Imagens+Vídeo]

As numerosas pequenas maquetes evocam momentos-chave de um dia cisterciense. Não são as imagens de religiosas da comunidade que estão retratadas, mas a vida monástica em geral. Na exposição comparecem cenas com a missa e a refeição, como seria de esperar, assim como outras que, para os desavisados, constituem uma surpresa: costura, agricultura e pastelaria são alguns dos exemplos. Seguramente que, entre a igreja e o trator, estas religiosas não passam dias ociosos.

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08
Jul21

EDUCACAÇÃO EM TEMPO DE MUDANÇA

E NA DISCIPLINA DE CIDADANIA


Oliveira

Considerando a oportunidade do artigo, aqui fica à consideração dos leitores do Blog da COPAAEC, mais dois artigos do António Justo, para reflexão, mas não só. (AGP)

Reflectindo sobre a Influência dos Ares do Tempo

António Justo

O andar da sociedade, visto sob o prisma da responsabilidade individual e política, deixa muito a desejar por sobretudo andar no sentido da corrente do tempo; parece não suportar a reflexão filosófica e até a educação se vê orientada para o sucesso e o lucro a curto prazo; estes vêem-se acompanhados por um moralismo superficial e intolerante a caminho da servidão. 

Pretender  que se aprendam atitudes como se aprende uma técnica de serviço utilitário poderá ser o melhor caminho para se estabelecer um regime autoritário; o nosso pensar do tempo aposta em valores abstractos  não querendo orgânicas jerarquias (diferenças) no comportamento nem no pensamento (o pragmatismo e a eficiência tornaram-se no “bem” do tempo e espalham a crença de que com leis e semáforos vermelhos tudo se regula!). Consequentemente (1) na educação cívica não estão em foque a relação interpessoal (virtudes pessoais) nem a formação de atitudes de humanidade; fomentam-se sobretudo comportamentos mecânicos (aptidões de concorrência)  relativos a poderes e interesses grupais, a valores anónimos acompanhados de ícones do passatempo e da moda. Chega que tudo funcione e ter toda a pessoa em função; o sentido do Estado e o que parece interessar é apenas ver a máquina a funcionar, tudo ao serviço dos órgãos de interesse, na sua qualidade de componentes da máquina. Já Immanuel Kant recomendava a termos a coragem de usar a nossa própria razão para nos libertarmos da imaturidade autoinfligida.

Cada um é, por outro lado, considerado dono do mundo que se encontra dentro do seu computador (um mundo artificial que não o real!). Já não precisa de conquistar espaços nem de ser, bastam-lhe logaritmos e chavões de pensamento para aparecer! Cai-se assim numa educação utilitarista (2) que educa para a funcionalidade e para o progresso esquecendo o “educando” na sua qualidade de pessoa, pessoa integral!  A Informação é manipulada encontrando-se sobretudo em posse de fábricas de inteligência (técnicos de ideologias) e cada vez mais em posse de multinacionais como Facebook e Google (Deste modo, imperceptivelmente, une-se o poder político ao poder privado na mesma tarefa de controlo do cidadão - da cidade e do Estado).

A Palavra, a informação  é a energia criadora originária  e permanente, por isso Deus falou e o evangelista João escreveu: „No princípio era a  Palavra, (a In-formação)”;  ela está sempre no princípio da cultura, do discurso, da formação e da criação; ela forma a pessoa que cria novos mundos, novas civilizações; essa mesma Palavra (in-formação), no reino vegetal, forma as plantas, todos os seres na qualidade específica de convergentes de informação (in-formação em processo de definição).

Por isso os poderosos se apropriam da palavra (informação), tornam-se autoridades (à imagem de deuses e não de Deus!), formatando-a, a seu modo, decidem sobre o significado e o sentido da palavra (ideia moldada).

A Palavra (in-formação)  que no princípio era divina e, como tal, parte de todos, em que cada um poderia sentir e decidir sobre significado e sentido, foi timbrada em nomes, frases opacas e, ao deixar de ser processo, deixou de estar no princípio para ser reduzida a gramática do tempo (poder) e assim, como objecto, tornar-se apenas em narrativa localizada e, deste modo, poder ser usada para reduzir os outros a consumidores (acaba-se a relação pessoal para a substituir pela conexão funcional; acaba-se com a comunidade e correspondente virtude/moral para se criar a sociedade do cidadão e correspondentes leis exteriores dependuradas em valores abstratos). Torna-se urgente proteger a gene divina da palavra (in-formação) que se encontra ameaçada porque o que é processo se torna em objecto limitado e deste modo passa a ser propriedade de alguns: os proprietários do espírito materializado.

Ao reflectirmos sobre a in-formação (Palavra) estaremos a proteger o seu ser divino em nós e nos outros. Se observarmos os ares que nos rodeiam notamos que não nos querem ver como seres direitos, como pessoas, como sujeitos criadores do mundo, desejam-nos tortos formatados como consumidores ou seres amarrados à sua trela (informação petrificada!). Quer-se transformar a Verdade (processo relacional) em crença apropriada, ou na narrativa que nos contam. O espírito do tempo quer uma sociedade “sã” que nos faz seus pacientes.

O entusiasmo pela técnica prepara o caminho para o abstracto numa narrativa sem poesia para ser contada e não precisar de ser explicada nem vivida (o velho “sacerdócio” foi substituído por tecnocratas ao serviço do sistema à custa da pessoa!). A sociedade competitiva de consumo não educa para a compreensão da pessoa e das coisas no sentido que lhes é próprio de complementaridade e humanidade, mas sim no sentido de autoafirmação, de concorrência (rivalidade), de exclusão e de funcionalidade. A governação baseada no crescimento justifica a desumanização da pessoa e da sociedade porque os fins passam a justificar os meios como se pode ver na sociedade consumista e de maneira extrema em regimes totalitários como a Coreia do Norte e a China!

Sem nos deixarmos oprimir por racionalizações nem por perturbações emocionais, importará começar por aprender a lidar consigo mesmo e a desenvolver o espírito de discernimento, de descoberta (curiosidade) e de humildade. Isto no sentido de tentarmos ter a coragem de deixarmos de ser ovelha e ao mesmo tempo não termos medo de reconhecer a necessidade de cães de guarda e de pastores! Cada pessoa traz em si o cordeiro e o lobo o que justifica uma educação no sentido prático de um humanismo cristão.

O espírito do tempo globalista para justificar um centralismo tecnológico anónimo vai, pouco a pouco, destruindo os biótopos culturais pessoais e regionais no equívoco de que só assim poderá ter poder directo sobre o indivíduo (pessoa reduzida a cidadão) e sobre as nações ou povos! Certamente também por isso se vai tendo a impressão de se pretender uma sociedade e indivíduo sem mente, sem Deus, sem pessoa, sem alma, sem terra, sem família e sem mãe. Pretende-se um mundo só paterno com mente e sem coração. Não chega educar para a filantropia, é necessário integrar, na educação, a prática de olhar os outros (os diferentes numa relação pessoal e não só de interesses) com o olhar de Deus, com o olhar deles e assim descobrir em cada um Jesus Cristo, o irmão (e isto independentemente de instituição, etnias, culturas, crenças e ideologias). O olhar de Deus é materno e faz dos outros irmãos gerando-os como filhos. Isto implica educar para a transformação (e não para a confrontação, competição) a acontecer na transversalidade de espírito e matéria, de feminilidade e masculinidade, de integridade e engano.  Será necessário aprender a dar sentido à própria existência sem ter de continuar atrelado às necessidades artificialmente criadas e que se concretizam no ter dinheiro para as satisfazer ou no exercício de meras funções. Trata-se de descobrir a própria dignidade (personalidade) e não de ter apenas uma ideia dela sem que se torne virtude. A reflexão sobre a dignidade leva à minha descoberta de ser sujeito e não objecto numa inter-relação de sujeitos. Para isso seria necessário aprender a tratar-se a si mesmo com dignidade.

Vivemos num estádio cultural em que tudo é encaminhado para a exploração do intelecto e visto a partir do intelecto (ângulo cerebral causal a caminho da inteligência artificial): valores e normas, são transferidos e adquiridos num canto do cérebro. Não se pretende a consciência de identidade, de homem todo; no máximo quer-se um perfecionismo que parte da insegurança para gerar instabilidade servida por valores meramente abstratos.

Inicialmente temos de aprender a tratar-nos a nós próprios com amor e, concludentemente, trataremos os outros como nos tratamos a nós mesmos. Então dispensaremos modelos a seguir e deixaremos de andar a correr atrás de uma felicidade pressuposta fora de nós. A educação para a cidadania não deveria partir de medidas que consideram o outro como objecto de valores propostos a adquirir porque na sua lógica esses valores puramente abstratos pretendem transformar os outros em objectos, tudo numa coerência funcionalista, num clima social de valorizações e avaliações que no fim de contas serve sobretudo a classe dominante.

A cultura é deixada ao desbarato da decadência e ao desgaste dos ares do tempo.  A educação para a humanidade e para a paz não pode continuar a manipular o ensino tal como fazem os regimes que dão mais importância ao domínio da Universidade, da escola, dos média, que aos bancos (estes são transversais e comuns a todos os regimes não podendo ser anulados, apenas nacionalizados), porque sabem que aquele é que permanecerá como estabilizador do sistema.

A educação frisa a pessoa e a sociedade! Como podemos querer pessoas humanas e uma sociedade solidária se não entendemos nada do que está a acontecer com a educação escolar e social?

Educar para a paz é educar para a transformação, nunca para a confrontação porque a transformação pressupõe a transversalidade dos polos (extremos).

Penso que uma ótima maneira de encontrar apoios para o processo da própria transformação será dialogar com a natureza, entrar num templo e aí, sem ouvir ninguém, entrar-se numa de intuição, deixando o coração transcender e dizer: “Tu estás aí, eu estou aqui, no nós estamos juntos a fazer caminho”. Nesse estado, poder-se-á, mais facilmente, entrar em contacto consigo mesmo, através do silêncio, da natureza, do ouvir o mar e o respirar da montanha na transversalidade dos nossos sentidos. Então poderá iniciar-se uma transformação interior que primeiramente poderá criar um sentimento de dissidência para mais tarde se poder respirar o universo em nós, a humanidade em nós. Nessa atmosfera se nota também o emperramento em nós mesmos e as incongruências com o mundo das ideias ou intenções e propósitos que vinham de fora (expectativas) e não de nós! Então, pelo menos por alguns momentos, dar-nos-emos conta, da necessidade em nós, de sermos sujeitos e não objectos. Então dar-nos-emos conta do perigo de nós mesmos e da família sermos reduzidos à prática do eu penso, quero e compro; dessa distância poderemos observar o modo como somos sorvidos pela atracção do espírito do tempo na enxurrada social.

Então, quando me transformo já não me encaixo neste modo de viver social, mas como a transformação não pode ser alcançada sozinha, presto atenção a com quem vou. Aí mais sentirei a necessidade de criar ou me integrar numa comunidade própria.

Precisamos todos de uma interajuda mútua e autêntica. Isto pressupõe experienciar-se a si próprio, interna e externamente, e não menosprezar a actuação; essa entreajuda não se dá tanto como ajuda a alguém, mas como um ajudar-se a si próprio a experimentar o outro e a si próprio em comunidade.

Na sociedade civil as relações movimentam-se entre grupos de interesses em que cada grupo normalmente trata de proteger os bens/interesses da própria sociedade ou grupo. Como cada organização, cada partido, luta para a sua comunidade, a solidarização grupal impede, geralmente a solidariedade geral, porque lhe falta o interesse comunitário (cofunde-se a defesa do bem do grupo com o bem comum). Isso não implica que se recuse a homogeneidade entre os grupos.

Por isso uma sociedade solidária necessita de uma formação não só a nível de indivíduo e de sociedade, mas sobretudo a nível de pessoa e de comunidade!  Para uma educação para cidadãos adultos e consequentemente para a paz, não chegam os dados sociológicos nem as leis; para isso é necessária a vida transmitida pela filosofia, pela ciência e pela religião!

António CD Justo

Teólogo e pedagogo

©Educação, in Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6633

  1. Em grande parte, encontramo-nos envolvidos num ensino e num discurso público enganadores! Fala-se de educação, querem-se mudanças, mas apenas de discurso: repudiam-se ovelhas e pastores, para os substituir por súbditos e tecnocratas (estes vestidos com a pele de ideias abstratas). Na sequência segue-se um ensino baseado em ilusões na peugada de convicções ideológicas ou de ideias gerais.
  2. Necessita-se de uma aprendizagem que dura toda a vida como resposta a um chamamento de fidelidade a si mesmo e à comunidade, tudo envolvido, a caminho numa pedagogia libertadora reflectida, num pensar e agir a vida a partir da pessoa, do povo (que não dos interesses corporativos), ou seja, a partir de Deus.

                                                                                                     

                                                                          /// *** \\\                                                                        

    PROIBIDOS PRODUTOS PLÁSTICOS DE USO ÚNICO NA UNIÃO EUROPEIA

    Desde o dia 3 de julho são proibidos, em toda a União Europeia, produtos plásticos de uso único (via única). Esta medida da EU levará o comércio a afastar-se do plástico.

    Produtos descartáveis de plástico (para deitar fora) são responsáveis ​​por 70% de todo o lixo marinho na UE.

    A regra não se aplica a cigarros com filtro de plástico, absorventes higiênicos e copos para viagem, embora fossem possíveis alternativas.

    Só na Alemanha, são usados 320.000 copos descartáveis ​​para café e similares, por hora.

    As empresas municipais de eliminação de resíduos gastam muito dinheiro com a eliminação.

    Com medidas deste género, esclarecimento e boa vontade, contribui-se para um meio ambiente mais saudável para o planeta.

    António CD Justo

    Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6629

                                                                   /// *** \\\                                                                        

    FIM DE TODAS AS MEDIDAS CORONA?

    Na segunda-feira, o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, confirmou que, no dia 12 de julho seria tomada uma decisão sobre a intenção do governo de parar de fazer regulamentações a partir de 19 de julho.

    As regras de distância e os requisitos de máscara passarão a não serem aplicáveis, assim como a limitação de espectadores.

    No Domingo foram registradas mais de 24.000 novas infecções e 122 mortes Covid.

    64% dos maiores de 18 anos já receberam ambas as vacinas.

    António CD Justo

    Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6631

07
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade

Novas sugestões de leitura


Oliveira

Dos ricos conteúdos do site do SNPC, respigamos, com a devida vénia o que segue:

(A. G. Pires)

Os dias do tempo : 6.7.2021 [Imagens+Áudio]

«Ao ver as multidões, encheu-se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor»: Palavras, imagens e música para dar sentido às horas desta terça-feira.

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Profeta, ontem como hoje: Divinamente garantido, humanamente pouco aceite

Aprender a ser profeta, isto é, «ver as coisas pelos olhos de Deus e proferir palavras que dEle venham, seja em que circunstância for»: um ensino que dura toda a vida, que não dá «lugar para ilusões, apenas para convicções», e que será «de estranhar se parecer fácil». E o que implica ser profeta na sociedade de hoje? Afirmar e testemunhar «princípios de vida e convivência, que pareciam assentes», como o que «respeita à vida humana e à dignidade intrínseca de todo o seu percurso», bem como a «justa repartição dos bens, que só legitimamente se usufruem quando se respeita o seu destino universal».

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As rosas de Santa Isabel abrem-se hoje à «vastidão de lugares, tempos e modos de exprimir o amor»

«Santa Isabel, na sua condição social, cultural e religiosa, oferece-nos esse imenso testemunho de alguém que se deixou seduzir por Deus, se centrou no seu amor conhecido e acolhido, e fez da fé cristã o caminho único da sua vida», seguindo os passos que lhe conferem plenitude: celebrar a Eucaristia e os outros sacramentos, a profecia-anúncio de Cristo e o testemunho da caridade, «de um modo especial os mais pobres no âmbito material, espiritual, social, sanitário ou outro, seja ele qual for».

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P. Stan Swamy: «O custo do discipulado»

«O custo do discipulado.» Nestas palavras encerra-se o sentido da sua vida. E da sua morte, ocorrida às 13h30 de domingo, 4 de julho, no hospital Sagrada Família de Mumbai, onde tinha chegado, no limite das forças, a 29 de maio. Stan, testemunha fiel até à morte de Cristo e paladino da ecologia integral, está vivo. Nem o sistema judicial, nem as falsas acusações, nem a doença puderam matar um pássaro que conseguia cantar mesmo atrás das grades, para parafrasear uma sua poesia que oferecia esperança aos outros reclusos.

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Diocese dá a conhecer e decifra património artístico

Sabe o que é o resplendor de uma custódia? Ou o crescente eucarístico? O cupulim? O entablamento? A resposta a estas perguntas, acompanhada da divulgação do património artístico ligado à Eucaristia, está na base da nova rubrica “Olhar e ver o património”. «A ideia subjacente» à iniciativa, «para além da divulgação de peças de arte dispersas pelas várias comunidades do território, é a identificação de alfaias e outros artefactos litúrgicos que são usados no sacramento central da vida cristã».

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06
Jul21

O ABORTO CONTRA A MULHER


Oliveira

É com prazer e a devida vénia ao jornal digital "Sete Margens" que transcrevemos para os nossos leitores o artigo que segue de Pedro Vaz Patto.

(A. G. Pires)

            É habitual associar a legalização do aborto aos direitos da mulher. A recente resolução do Parlamento Europeu sobre a «situação da saúde e direitos sexuais e reprodutivos na União Europeia» (baseada no polémico relatório Matic) chega a afirmar que a proibição do aborto é «uma forma de violência de género». Durante a discussão desta resolução ouviram-se, dos seus partidários, frases como estas: «Não há igualdade de género sem direito universal ao aborto»; «Nós, feministas, sabemos que temos de lutar pelo direito de domínio sobre o nosso corpo e a nossa sexualidade» (também com referência ao aborto).

            Ao ler estas afirmações, que não representam nenhuma novidade, não pude deixar de as associar a outras notícias recentes.

            Um artigo da revista médica The Lancet Global Health de 8 de abril de 2021, revelava que nos últimos trinta anos o aborto selectivo eliminou vinte e dois milhões de meninas. Essas meninas não chegaram a nascer por serem do sexo feminino e devido à prática do aborto. Esse número não tem descido, aumentou sessenta por cento entre 2007 e 2016.

            A revista Economist abordou este fenómeno numa reportagem de 2010 (onde falava em “gendercide”) e numa outra de 2017, dando a entender que o fenómeno tenderia a diminuir. Mas tal não sucedeu, como revela o referido artigo da The Lancet Global Health.

            O Fundo para as Nações Unidas para a População (U.N.F.P.A.), muito criticado pelas suas posições alegadamente favoráveis ao aborto em geral, fala em cento e quarenta milhões de mulheres em falta porque vítimas do aborto selectivo. Essa realidade reflecte a persistência do inferior estatuto social da mulher e está na origem de fenómenos de violência e tráfico de pessoas que vitimam a mulher e agravam ainda mais esse estatuto de inferioridade.

           Os grupos étnicos onde esta prática é mais difundida vão-se espalhando por vários países e, assim, ela deixou de estar circunscrita a áreas determinadas. Por isso, foi recentemente apresentada no Parlamento do Canadá uma proposta de proibição do aborto selectivo em função do sexo. Essa proposta foi rejeitada por larga maioria, onde se incluíram até deputados do Partido Conservador, de onde ela partiu. Uma proposta semelhante já havia sido rejeitada nesse Parlamento em 2012.

          A rejeição desta proposta não surpreende se considerarmos os pressupostos que geralmente subjazem à legalização do aborto e que voltaram a ser invocados a propósito do relatório Matic e da resolução do Parlamento Europeu que nele se baseou. Outras propostas como essa apresentada no Parlamento do Canadá têm sido igualmente rejeitadas por partidários da legalização do aborto. Se o aborto é, tão só, uma questão de livre escolha da mulher, qualquer restrição a essa liberdade seria inaceitável. Se é uma questão de domínio da mulher sobre o seu próprio corpo (como se dizia há cinquenta anos e voltou a ouvir-se, agora no Parlamento Europeu), o embrião e o feto, como partes desse corpo, não são merecedores de protecção. Se o aborto é um suposto direito humano seja qual for o seu motivo (como pretende a resolução do Parlamento Europeu agora aprovada), até um motivo discriminatório como este deve ser aceite (como já é aceite, desde há muito, uma discriminação igualmente grave, que vitima os nascituros portadores de deficiência, também eles vítimas de outro tipo de aborto selectivo). De resto, sendo o aborto livre e imotivado, será sempre difícil detectar à partida e isoladamente um aborto selectivo em função do sexo (pode ser sempre ocultado o seu motivo) e esse facto explica a geral ineficácia das proibições desse tipo de aborto (proibições que vigoram na Índia).

           Na verdade, só uma proibição geral do aborto (proibição que a referida resolução do Parlamento Europeu considera «uma forma de violência de género») poderá evitar a prática do aborto selectivo em função do sexo.

         Poderá dizer-se que estamos perante uma prática com raízes culturais persistentes e que só atacando tais raízes culturais poderá ser eliminada. É verdade, mas não pode negar-se que é o facto de o aborto ser facilitado que contribui para que ela persista e até que se intensifique, precisamente à medida que a prática do aborto é legalizada e facilitada.

           Não consigo conceber uma mais grave discriminação da mulher praticada no mundo de hoje: que a tantos milhões de seres humanos do sexo feminino, por causa desse seu sexo, seja negado o primeiro dos direitos, o direito à vida. Esses milhões de mulheres em falta no mundo de hoje são vítimas do aborto. Se olharmos para esta realidade, não poderemos, certamente, associar, como fez o Parlamento de Estrasburgo, o aborto aos direitos das mulheres.

Pedro Vaz Patto

06
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade

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«Se a renovação da Igreja é inadiável, isto acontece a partir das paróquias», mas para concretizar a primeira e renovar as segundas é necessário começar por combater a «tentação do ativismo», porque hoje em dia «há pouca oração pessoal e muito menos comunitária». «Contentamo-nos com eucaristias rápidas e o sacrário não é acompanhado. A oração deixou de estar nas agendas quotidianas das pessoas e das famílias», e, simultaneamente, «não há renovação paroquial sem compromisso social».

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«Se nos perguntássemos como caracterizar o estado da reflexão teológica no nosso país, poderíamos responder que é resiliente, freática, inacabada. A teologia em Portugal é resiliente pela sua capacidade de existir, apesar de tudo.»: este é o ponto de partida do novo número da revista “Ephata”, publicada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. No editorial do número três, dedicado à “Teologia em Portugal”, reconhece-se que a reflexão «não corre à luz da visibilidade», porque a produção teológica «principal» foi assinada por «figuras que viveram entre a discrição e a invisibilidade». O texto de abertura aponta três «tarefas» para a teologia: de ordem metafísica, ética e eclesial.

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Cristãos pelo acolhimento e diversidade, contra populismo e intolerância

Construir a unidade da Europa valorizando a diversidade contra toda a forma de intolerância: foi este o tema de um encontro promovido em junho pela Conferência das Igrejas Europeias. «A Europa desafiada pelo populismo: as Igrejas “sal da terra”? Como contribuir para viver juntos pacificamente na diversidade”, título do encontro, sublinha que os cristãos são chamados a dar respostas para definir uma posição comum para deter o populismo em nome do Evangelho. É necessária uma ação ecuménica capaz de envolver as múltiplas tradições na sanação das novas feridas e divisões originadas por aquelas ideologias.

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As tabuinhas votivas são orações pintadas, sinais autênticos de fé humilde e sincera, que, se por vezes se arriscam a desembocar na ingenuidade, são todavia ricas de ardor genuíno. «A par de elementos a eliminar, há outros que, se bem utilizados, poderão muito bem servir para fazer progredir no conhecimento do mistério de Cristo e da sua mensagem: o amor e a misericórdia de Deus», escreveu S. João Paulo II.

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05
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade


Oliveira

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Sem abertura à novidade, ao espanto e à surpresa, a fé torna-se litania que lentamente se extingue

O papa destacou hoje os perigos que decorrem de uma atitude acomodada ao que se pensa conhecer sobre Deus, sublinhou que sem abertura ao novo, rompendo esquemas de pensar e agir dados como imutáveis, a fé cristã corre o risco de se dissolver, e afirmou que o «espanto» é o selo que distingue o encontro autêntico do crente com Jesus. Francisco alertou para os perigos que recaem sobre os cristãos que pensam «saber já muito sobre» sobre Jesus, e que, por estarem agarrados a essa convicção, acreditam que lhes «basta repetir as coisas de sempre», o que se torna ainda mais grave quando essas frases feitas estão ancoradas na «comodidade do hábito» e na «ditadura dos preconceitos».

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05
Jul21

DIGNIDADE HUMANA


Oliveira

É com prazer e a devida vénia ao jornal Voz da Verdade que transcrevemos para os nossos leitores o artigo que segue de Pedro Vaz Patto.

(A. G. Pires)

Noticias recentes davam conta de um documento apresentado num congresso político em que se afirmava que a espécie humana é apenas uma entre outras espécies animais dignas de protecção. Os partidos animalistas vão ganhando cada vez mais adeptos em vários países. Das suas agendas constam propostas de promoção do bem-estar animal que poderão ser aceitáveis para além da ideologia que a elas possa estar subjacente. Mas importa considerar a ideologia que se reflecte em afirmações como essa, como se fossemos «todos iguais, todos animais». Uma coisa é reconhecer deveres humanos de protecção dos animais, outra é reconhecer direitos aos animais, no mesmo plano em que se reconhecem direitos humanos. O chamado anti-especismo rejeita qualquer ideia de superior dignidade do ser humano em relação a outras espécies (essa superioridade seria expressão de especismo e este equiparável ao racismo e ao sexismo).

                O animalismo é com frequência apresentado como um alargamento dos direitos merecedores de protecção, como se estivesse em causa apenas um regime mais benévolo e de extensão a outras espécies dos direitos reconhecidos aos seres humanos, sem quaisquer limitações destes. Não é assim, porém. Já tem sido defendido, com base nos princípios anti-especistas, que animais não humanos sejam mais merecedores de protecção do que seres humanos desprovidos de capacidades intelectuais (como embriões e fetos, crianças recém-nascidas, pessoas com deficiência ou dementes). Mas a dignidade da pessoa humana não depende dessas capacidades, depende da simples pertença à espécie humana, depende do ser e não do poder fazer, e não se perde com a doença ou a deficiência

                Pretender equiparar em dignidade as várias espécies animais tem conduzido a propostas absurdas. Não é apenas a proibição de consumo de carne e peixe, é também a suposta obrigação de protecção de insetos e animais que representam perigo para a saúde humana, de respeito por zonas territoriais onde animais selvagens seriam soberanos, ou de protecção de animais contra agressões de outros, da mesma ou de outra espécie.  

                Nem todos se apercebem, verdadeiramente, do que está em jogo: trata-se da desconstrução de uma preciosa aquisição moral e civilizacional. Pretende-se anular o que «é próprio do ser humano» ( Le propre de l´homme é o título de um recente livro do filósofo francês Rémi Brague sobre esta questão, que ele encara na perspectiva de uma «legitimidade ameaçada»). A dignidade humana é a base de todo o edifício ético e jurídico dos direitos humanos e encontra apoio na visão bíblica do ser humano «criado à imagem e semelhanças de Deus» e na visão cristã da pessoa humana chamada a partilhar a vida do Deus uno e trino. A reflexão racional desde tempos imemoriais também tem reconhecido a especificidade do ser humano, além do mais como agente moral, sujeito de direitos, mas também vinculado a deveres. Por isso, os seres humanos reconhecem o dever moral de protecção de outras espécies animais, algo que não sucede com nenhuma dessas espécies.

                Ignorar o que «é próprio do ser humano» não é enaltecer outras espécies, é rebaixar a espécie humana. É ignorar a dimensão espiritual específica do ser humano, reduzindo-o à sua dimensão material. Por muito que se vão conhecendo aspectos do comportamento de alguns animais que os aproximam dos seres humanos, mantém-se sempre uma especificidade que marca a diferença entre uns e outros, uma diferença ontológica, de qualidade e não apenas de grau.  Não pode ser apagado ou desvalorizado o património de realizações especificamente humanas, como a religião, a arte, a filosofia ou a ciência. O animalismo não pode superar o humanismo. Não se pode deixar de falar em dignidade humana.  

Pedro Vaz Patto

04
Jul21

Cultura e Pastoral da Cultura - Actualidade

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