HOMILIA DO 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
23 de Agosto de 2020
Irmãos, que vemos nestas leituras? Jesus e a Igreja. Uma meditação útil para nós.
- Jesus é o Messias
Evangelho
Iniciamos a reflexão a partir do Evangelho. Encontramos Jesus ao Norte da Palestina, em Cesareia de Filipe, junto à nascente do rio Jordão. Jesus passou alguns meses a formar os seus discípulos. Um dia, em colóquio com eles, fez uma pergunta neste sentido: -“que pensam as pessoas acerca de mim?” A pergunta não foi uma sondagem de opinião, para medir a sua popularidade; foi uma pergunta existencial, pois da resposta depende tudo na nossa vida.
Algumas pessoas viam Jesus como um profeta; outras, como “o filho do carpinteiro”; Nicodemos chamou a Jesus: “Mestre, que vens da parte Deus”; a mulher cananeia chamou Jesus: “Filho de David”, e mostrou uma grande fé, pedindo: “dá-me das tuas migalhas".
E Pedro, como viu Jesus? A sua resposta foi muito feliz: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Irmãos, não vos parece que a pergunta de Jesus é talvez a mais importante do Evangelho? Ele perguntou: “Quem sou Eu para vós?” Qual a nossa resposta?
Muitas pessoas, na história da Igreja e hoje, são exemplo de fé, e sentem o que Pedro sentiu: Quem são essas pessoas? São: um pai ou mãe com o seu amor na família; um jovem com a sua fé em Jesus; um doente que une o próprio sofrimento ao de Jesus; um mártir, como hoje acontece; um profissional de saúde ou enfermeiro; um bombeiro; um voluntário, que se manifesta irmão, irmã. Estas pessoas respondem com a vida: “Jesus, Tu é o Messias, o Filho de Deus”. E Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30-33); “Quem Me vê, vê Aquele que me enviou” (Jo 12, 44-46). Jesus, o Messias, o Filho Deus, abre-nos a porta para a vida eterna.
- A Igreja, para servir
Primeira leitura
Na primeira leitura, Isaías dirige-nos uma reflexão neste sentido: um administrador da casa real não foi correcto no seu posto; usou mal o seu poder. Disse-lhe o Senhor: “Vou expulsar-te do teu cargo”…
Qual o ensinamento desta leitura? Quem exerce o poder deve fazê-lo com solicitude, com amor, pensando no bem comum. As leituras de hoje levam-nos a pensar na Igreja, visto que Jesus deu a Pedro o poder das chaves: “O que ligares na terra ficará ligado no céu”. A Igreja tem o poder das chaves conferido a Pedro. Deve exercer a sua actividade para servir. A Igreja nasceu do coração de Cristo para ser luz e caminho, para servir e não para servir-se. E sabemos que nós somos Igreja.
- A Igreja com Jesus
Segunda leitura
São Paulo, na Carta aos Romanos, eleva um hino de louvor a Deus, dizendo: “D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas”. Paulo sabe que Deus merece todo o nosso louvor. Diz-nos o Papa Francisco: “Não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tacteando, não é a mesma coisa poder escutá-lo ou ignorar a sua palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-lo, adorá-lo, descansar nele ou não o poder fazer… a vida com Jesus se torna muito mais plena…”[1].
Uma pequena história: conta a mãe: “ O meu filho tem agora seis anos. Quando tinha cinco, pediu-me: - Ó mãe, “eu queria morrer, para ver Deus”. – “ Meu filho, não é preciso morrer para ver Deus. Nós podemos ver Deus nas coisas belas, nas flores, nas pessoas boas”. Mas o menino insistiu: - “Mãe, leve-me ao deserto” – “Para quê, meu filho?” - “Leve-me ao deserto, uma cobra pode-me picar, eu morro, para ver Deus”. E acrescenta a mãe, com a sua pedagogia: - “Filho, quando tu te sentes bem, com alegria dentro de ti, é como estar a ver Deus; não é preciso morrer”.
É uma história infantil que nos diz: eu e Jesus, numa Aliança de amor e de Fé para sempre.
P. António Gonçalves (SDB)
[1] Evangelii Gaudium; A Alegria do Evangelho, n. 266)